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Médicos de Ribeirão Pires estão de braços cruzados

Mobilização gera guerra de versões entre o governo de Saulo Benevides e a categoria; não há prazo para fim da greve

Daniel Macário
Especial para o Diário
25/11/2014 | 07:07
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Andréa Iseki/DGABC


Com a justificativa de falta de medicamentos e falhas na padronização da produção de alimentos aos pacientes, aproximadamente 70 médicos plantonistas concursados da rede municipal de Ribeirão Pires cruzaram os braços, ontem, e iniciaram greve no atendimento da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Santa Luzia e do Hospital e Maternidade São Lucas. Moradores que compareceram às unidades de Saúde foram informados que somente os casos de urgência seriam atendidos, caso contrário, deveriam passar pela triagem e pegar o encaminhamento para uma das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do município.

A paralisação, além de prejudicar o atendimento de aproximadamente 500 moradores que passam diariamente pela UPA Santa Luzia (dados do Hospital e Maternidade São Lucas não foram informados), provocou verdadeira guerra de versões entre a Prefeitura, comandada pelo prefeito Saulo Benevides (PMDB), e a categoria dos médicos.

De acordo com o diretor de Saúde da UPA Santa Luzia, José Carllos de Jesus da Silva, o Carlinhos, as acusações e razões atribuídas para a paralisação do atendimento médico são inverídicas. Segundo ele, a implantação do ponto eletrônico e a retirada da gratificação de 30% por assiduidade, que os profissionais recebiam desde a gestão passada, são os reais motivos da greve. “A verdade é que eles (médicos) querem trabalhar pouco para ganhar muito. Querem fazer os esquemas deles e chegar a hora que querem”, relata o diretor, que afirma que muitos profissionais não cumpriam o horário correto.

As acusações feitas pelo diretor da UPA foram totalmente negadas pelo presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos de Santo André e Região), Ari Wajsfeld. “Se esse fosse o motivo, os profissionais já teriam entrado de greve há cinco meses, quando foi iniciada a implantação dos pontos eletrônicos nas unidades de Saúde do município.”

Em nota, a Prefeitura informou que o prefeito solicitou reunião com representantes dos profissionais para que as reivindicações fossem apresentadas oficialmente, porém, apenas representantes do governo compareceram. O Sindmed disse desconhecer a convocação e afirmou que a greve continuará hoje na cidade.

Moradores relatam descaso com atendimento no município
A paralisação de aproximadamente 70 profissionais da Saúde em Ribeirão Pires causou transtorno para a população. Sem atendimento para seus problemas, muitos moradores relataram o sentimento de descaso por parte da administração municipal.

A dona de casa Elizabeth Ribeiro, 34 anos, foi uma das moradoras que ficaram surpresas com a situação. “Trouxe meu filho com febre e vômito e fui informada (após o atendimento da triagem) que deveria me dirigir a uma UBS (Unidade Básica de Saúde) próxima da minha casa, pois o caso dele não era de urgência.”

Outra que ficou indignada com a falta de atendimento foi a teleoperadora Aline dos Santos Santana, 23. “Estou revoltada. Por conta do meu sobrepeso, preciso passar sempre por atendimento médico. Estou com tontura e o pé inchado e o que recebo em troca é essa sacanagem”, revela a paciente, que ainda afirmou que o atendimento da UBS não supre suas necessidades. 




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