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A batalha inútil do Jardim Falcão
André Vieira
Do Diário do Grande ABC
22/07/2010 | 09:37
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Arquivo/DGABC


Os moradores do antigo Jardim Falcão, em São Bernardo, que foi desocupado há exatos 12 anos por se desenvolver em área de manancial, ainda esperam uma solução. Pela legislação atual, o bairro poderia ser preservado. Na época, porém, a Justiça decidiu pelo fim do loteamento.

Regulamentada em janeiro deste ano, a Lei Específica da Billings permite hoje a regularização fundiária de áreas com o mesmo perfil do finado Jardim Falcão, desde que limites sejam respeitados.

Para lembrar a história, que se tornou um marco no Grande ABC, a Associação em Luta dos Proprietários do Jardim Falcão prepara dois eventos.

O primeiro ato será realizado hoje, a partir das 16h, na praça da Igreja Matriz, no Centro. O segundo encontro, na Câmara Municipal, no dia 4 de agosto, está marcado para as 8h.

O desejo dos antigos moradores e da Cammesp (Central de Atendimento aos Moradores e Mutuários do Estado de São Paulo) é fazer alerta sobre a situação das famílias, que perderam seu dinheiro e seu teto e não foram indenizadas.

"Não será um ato político, mas para refletirmos sobre a situação das áreas de mananciais, sobretudo no Jardim Falcão", afirmou o advogado da entidade e dos moradores, Humberto Geronimo Rocha.

Rocha enxerga a decisão de extinguir o bairro como um fato isolado, quase punitivo. "Foi desigual. Milhares de pessoas ainda moram em áreas de manancial, em loteamentos vizinhos ao Jardim Falcão", ponderou.

AÇÃO - Passava das 16h30 do dia 22 de julho de 1998 quando o primeiro trator avançou em direção às moradias do Jardim Falcão.

As 180 residências do local foram ao chão levando tudo ou quase tudo que cerca de 1.500 pessoas conseguiram acumular durante a vida e investir na compra de um terreno e na construção de uma casa.

Apesar de negociada e divulgada com antecedência, a desocupação dos lotes não foi pacífica. A ação demolitória precisou de 340 policiais militares para ser cumprida.

O esperado confronto entre os moradores e policiais - só da Tropa de Choque eram 240 - se concretizou.

Veículos da Prefeitura e da imprensa foram tombados e apedrejados. Focos de incêndio provocados. Pelo menos 17 pessoas ficaram feridas. O aspecto de destruição lembrou uma praça de guerra.

 




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