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Paraguai ameaça denunciar tratado de Itaipu na corte de Viena
Do Diário do Grande ABC
17/09/2008 | 07:57
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O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, pedirá preço justo pela energia da hidrelétrica binacional de Itaipu e proporá sua livre disponibilidade para vendê-la a outros países, em sua primeira visita oficial a Brasília, que acontece nesta quarta-feira, conforme afirmou em entrevista a imprensa o diretor paraguaio da hidrelétrica binacional, Carlos Mateo Balmelli. O presidente Lugo será recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em declarações públicas, Lugo manifestou reiteradas vezes que o "preço justo" é o "preço de mercado". O pedido será feito com base num acordo assinado entre Paraguai e Brasil em 1996, comentou Balmelli. Este "preço justo" consiste em multiplicar por pelo menos cinco a soma que o Paraguai recebe, ou seja, dos atuais 300 milhões de dólares quer passar a receber entre 1,5 bilhão e 2 bilhões de dólares.

"O Brasil tem que entender que aqui precisamos de um desenvolvimento associado e não dependente. Para o Brasil, país líder da região, não convém ter um vizinho e sócio pobre, declarou.
Lugo que fez do tema de Itaipu a coluna vertebral de sua campanha para as eleições de 20 de abril passado. Nas eleições, o ex-bispo católico derrotou, por 40% contra 30%, Blanca Ovelar, a candidata do partido Colorado, cujo fracasso acabou com 61 anos ininterruptosde poder.

Em conversas não oficiais, o presidente Lula teria oferecido a Lugo o aumento das compensações que o Brasil paga para o Paraguai pela compra de sua parte da energia da hidrelétrica. Entretanto, o assunto passará à consideração do Congresso brasileiro, onde o desejo paraguaio não deve ser atendido.

A recusa brasileira pode derivar numa crise diplomática, disse a ex-ministra das Relações Exteriores Leila Rachid. "Queiram ou não, isto vai mudar completamente a relação entre os dois países", disse a ex-chanceler do governo de Nicanor Duarte (2003-2008). Para ela, é preciso avaliar o "custo" de uma crise bilateral. No entanto, afirmou que se a oposição do Brasil à renegociação persistir, o Paraguai terá o direito de denunciar o tratado pela convenção de Viena de 1969.




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