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Os dois extremos do Grande ABC
Andrea Catão Maziero
Do Diário do Grande ABC
03/08/2002 | 18:15
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No Grande ABC, quando se fala em população idosa, encontram-se dois extremos: São Caetano e Diadema. A primeira sofreu uma redução populacional nos últimos 30 anos, ao mesmo tempo em que teve o maior crescimento do IE (Índice de Envelhecimento). Por outro lado, Diadema acompanha os municípios no processo de crescimento da população idosa, mas em menor proporção. É a cidade que sofreu a maior explosão demográfica do Grande ABC desde a década de 70. E a explicação para tantas diferenças é, principalmente, um alto e um baixo custo de vida.

O demógrafo Odeibler Santo Guidugli, professor do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Rio Claro, comparou as diferenças dos dados apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos censos de 1970 e 2000. Em 1970, os números começaram a indicar queda da taxa de fecundidade e conseqüente aumento do índice de envelhecimento. Fenômeno que se repetiu, mais fortemente, no censo de 2000.

A taxa de fecundidade no Brasil das décadas de 50 e 60 era, em média, 6,3 filhos por mulher. Em 2000, a fecundidade era de 2,1, sendo que esses índices variam conforme Estado e região.

Mas em Diadema, explica o demógrafo, a explosão populacional não tem muita ligação com a fecundidade e, sim, com os movimentos migratórios – pessoas provenientes de outros Estados e da Região Metropolitana que vão morar na cidade. Em 1970, a cidade tinha 78 mil habitantes, saltando para 305 mil em 1991 e crescendo para 357 mil no último censo. São Caetano vive fenômeno inverso: em 1970 tinha 150 mil habitantes e hoje tem 140 mil.

“O índice de envelhecimento em Diadema cresceu de 6 para 18 neste período, mas numa proporção bem menor do que as outras cidades da região. A explicação para isso é que Diadema tinha muitas áreas (para serem ocupadas) e custo de vida baixo. E ao compararmos com São Caetano percebemos que a cidade está totalmente ocupada e urbanizada e seu custo de vida é alto”, disse o professor.

Para Guidugli, porém, São Caetano é um município com uma dinâmica demográfica sui generis, se comparado não só ao Grande ABC, mas também com outras cidades do Estado. Desde 1970, a cidade apresentava alto IE – 20,32 pessoas com 60 anos ou mais para cada grupo de 100 pessoas de zero a 14 anos. E, com base no Censo 2000, o IE está em 89,5. “Acompanhando esta tendência, é possível afirmar que em 2010 a cidade terá mais idosos do que crianças de zero a 14 anos.”

O demógrafo explicou que esta previsão é feita com base na taxa de crescimento médio anual. Desde 1991, São Caetano vem mantendo taxa de crescimento da população negativa (-0,02%), enquanto que a população idosa aumenta em 3,5% ao ano.

“São Caetano é um município cravado na Região Metropolitana, sem espaço territorial para crescer, portanto, com tendência a desacelerar e reduzir. Somado a isso, ocorre uma drástica redução da taxa de fecundidade (provocada pelo aumento do nível de escolaridade feminino e uso de anticoncepcionais, entre outras razões) e insignificante processo migratório”, afirmou Guidugli.




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