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Faltam pontes

Em outubro, os discursos dos candidatos não estiveram à altura do que o povo gritou em junho de 2013

Do Diário do Grande ABC
18/11/2014 | 07:52
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Artigo

Em outubro, os discursos dos candidatos não estiveram à altura do que o povo gritou em junho de 2013. Os eleitores não encontraram nas urnas os desejos de mudanças que pediram nas ruas. É como se houvesse divórcio entre a vontade dos pés caminhando e as pontas dos dedos votando. A campanha, especialmente no segundo turno, foi sobre o passado de cada candidato, não sobre o futuro que eles ofereciam ao País. Os discursos e as publicidades eram de louvação aos próprios candidatos ou críticas e difamações sobre os opositores.

Uma das ilusões da democracia é que o povo escolhe seus dirigentes. Na verdade, o povo vota entre candidatos apresentados por seus partidos. Não é difícil perceber que, por isso, muitos escolheram Dilma Rousseff com medo do Aécio Neves, e muitos votaram no Aécio porque não queriam a continuidade da Dilma.

Depois de anos de corrupção, esgotamento das ginásticas econômicas e desmoralização da contabilidade criativa, insuficiência das medidas sociais, caos e descrédito na prática política e da volta da inflação, o novo governo Dilma Rousseff começa velho, como casamento em crise. Junte-se a isso a necessidade de enfrentar a herança maldita – que seu governo criou e sua campanha escondeu –, tomando medidas que até dias antes acusava os opositores de planejar contra os interesses do povo e do País, e o resultado é governo que se inicia sob desconfiança.

Esta é a realidade com a qual o Brasil vai ter de conviver pelos próximos quatro anos, porque pior do que governo sob desconfiança seria o rompimento com governo constitucionalmente constituído. Por isso, é necessário o diálogo que a eleita propôs, mas para o qual a presidente da República ainda não fez qualquer gesto. Os desgastes do processo eleitoral – irresponsavelmente manobrado por marqueteiros desejosos dos votos no dia da eleição, independentemente das consequências para o futuro do País – exigem pontes, que não foram usadas no primeiro mandato e foram destruídas no período eleitoral.

O Congresso Nacional dividido em dezenas de minúsculos clubes eleitorais, viciados em acordos barganhados, objetivando o poder pelo poder, comprando ou vendendo apoio para o imediato, sem compromissos para mudar o futuro, não construiu pontes com as ruas. E o novo governo começa cansado, sem pontes nem terreno onde construí-las, passando a ideia de não querer mudar seus propósitos nem sua prática, e falando em diálogo como promessa atrasada de campanha.

Cristovam Buarque é professor emérito da UnB (Universidade de Brasília) e senador pelo PDT-DF.

Palavra do leitor

Só a ponta
Francamente, não dá para entender: numa jogada de marketing sensacional, luminares do PT criticam abertamente a criatura e o Planalto tenta blindar a presidente? Como assim, se não há nada para esconder? Ou seria este novo megaescândalo apenas a ponta do iceberg?
Aparecida Dileide Gaziolla
São Caetano

A limpo
Após a reunião do G-20, Dilma Rousseff declarou que a investigação da Operação Lava Jato, na Petrobras, pode mudar o Brasil. Para onde? Outro continente ou outro planeta? Acho melhor, mais fácil, mais racional e menos traumático mudar os políticos (principalmente os de PT e PMDB) e privatizar todas as empresas públicas. O País ficaria limpo e ‘desmudado’.
Mário A. Dente
Capital

Privataria
Será que a privatização é tão ruim assim, a ponto de o PT ser tão radicalmente contra? Ou será que os petistas são contra porque com a privatização a fonte de dinheiro secaria? Afinal, por mais que se fale mal das privatizações realizadas no governo FHC, nenhuma empresa que foi privatizada se encontra numa situação tão ruim como a Petrobras. Será que os trabalhadores que acreditaram na maior empresa estatal brasileira e investiram seu fundo de garantia na compra de suas ações não estariam mais felizes hoje? A exemplo daqueles que investiram em empresas estatais que foram privatizadas e cujas ações estão bem valorizadas. Quando passaria pela cabeça do trabalhador brasileiro que na vigência de governo dos trabalhadores veria o seu FGTS, fruto de anos de trabalho, virar pó. Como brasileiro, é muito triste ver símbolo nacional, como é a Petrobras, chegar ao fundo do poço. O que era nosso orgulho hoje é nossa vergonha. Isso tudo me leva a crer que a verdadeira privataria, cantada em prosa e verso, não é tucana e sim petista.
Roberto Canavezzi
São Caetano

República
Nossas instituições públicas estão dando ‘ré’. O declínio moral e os desvios de conduta dos nossos ‘republiquetos’ há muito tempo nos tiraram de qualquer ranking, nos quais somente os graduados em níveis de valores e conceitos evoluídos na escala humana podem pertencer. Primitivo, nos reservam vergonhosa posição de excluídos! Quando o marechal Deodoro da Fonseca promoveu o primeiro golpe da nossa história, não imaginava de ‘quantas repúblicas necessitaria’ para ganhar tanto em tantos golpes! Não temos o que comemorar! Talvez tenhamos outro PIB (perto dos R$ 5 trilhões) surrupiado por nossos, esses sim, ‘golpistas’! Dilma, talvez não tenha mais condição de negar o óbvio. Nosso vice, Temer, só por ficar calado não merece créditos republicanos. Nosso presidente do Senado, Renan Calheiros, é quem indica um monte de envolvidos nos desvios, fora suas próprias improbidades! Quem vamos chamar? Lula, chefe de todos? Os demais comem quietos, para pegar o que sobra. Comemoramos os 125 anos da República apreciando os desvios.
Paulo Rogério Bolas
Santo André

Mercadante
Sugestão à presidente Dilma: Aloizio Mercadante no Ministério da Fazenda. Mataria dois coelhos com uma cajadada só. É de sua confiança e costuma, desde há muito tempo, dar pitacos econômicos e é o cargo sonhado por Mercadante. Lembro-me quando a carga tributária era de 25% e subiu na gestão de FHC. O então deputado Mercadante, em todas as sessões da Câmara e coberto de razão, criticava a perniciosa elevação. Quem sabe na Fazenda não consegue reduzir a carga tributária aos 25%? Assim, atende à presidente e reduz o custo Brasil, torna-se superavitária a nossa balança comercial e a economia deslancha.
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)

Natal
Vinte e cinco de dezembro de 2014. Aproxima-se o Natal. Reuniões familiares, mesas fartas e abraços e beijos em alguns casos não tão sinceros. Troca de presentes entre adultos e brinquedos para as crianças. Nesse dia comemora-se o nascimento de Jesus. Essa data se divide em duas partes: uma que ainda segue a tradição, quando os pais contam a seus filhos um pouco da história de Jesus Cristo, que diz ter vindo ao mundo para ensinar o bem e acalmar a ganância de uma parte dominadora sobre a classe inferior. A outra parte, completamente alheia a tudo isso, se aproveita da crença de grande parte do povo para auferir lucros até mesmo exagerados com a venda de produtos alusivos à data. E lembrar que Jesus expulsou do tempo os vendilhões! Estamos em tempos modernos, quando a quantidade anula a qualidade.
Américo Del Corto
Ribeirão Pires 




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