Cultura & Lazer Titulo Música
Força de Jorge

Lenda viva da MPB, Jorge Ben Jor mantém
energia criativa nesta noite em show na Capital

Andréa Ciaffone
14/11/2014 | 07:08
Compartilhar notícia
Divulgação


Hoje à noite, quando Jorge Ben Jor entrar no palco do Espaço das Américas, em São Paulo, vai acontecer o fenômeno sísmico-astrológico-religioso musical que só ele é capaz de gerar com sua mistura indefinível e extremamente pessoal de samba, rock ‘n’ roll, swing, black music em canções temperadas pelas batidas das religiões afro-brasileiras. Ben Jor é a síntese do que há de mais brasileiro e de mais internacional já criado na MPB.

A capacidade do músico de criar um som único e pessoal se manteve inalterada ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Até a tarde de hoje ele estará em estúdio no Rio de Janeiro, onde grava seu próximo trabalho. A programação é chegar a São Paulo no fim de tarde e já ir para o local do show.

A vitalidade que ele demonstra nas composições e no palco também se reflete na sua agenda, sempre cheia de shows que, na verdade, desafiam o conceito normal das apresentações de músicos consagrados. Ben Jor transforma suas performances em verdadeiras celebrações que, não raro, ultrapassam as duas horas de duração e podem, dependendo da energia da plateia, chegar a três horas.

Um coisa interessante sobre esse artista, que completa 70 anos em 22 de março do ano que vem, é que ele congrega fãs de todas as idades – literalmente. Gente que já era adulta e fã de Bossa Nova ficou de queixo caído quando, em 1963, aquele garoto do subúrbio carioca apareceu com uma variação inovadora de ritmo.

A proposta do long-play ''''''''''''''''''''''''''''''''Samba Esquema Novo'''''''''''''''''''''''''''''''' demonstrava parentesco com o ritmo criado nos apartamentos da Zona Sul do Rio de Janeiro, mas que trazia uma inegável miscigenação. Na outra ponta do espectro musical da época, os jovens fãs do iê-iê-iê que depois formariam a Jovem Guarda, também o reconheciam como um deles. Elis Regina, quando ainda cantava no Rio Grande do Sul, ficou encantada com a proposta musical de Jorge Ben.

Nesse disco, o grande hit foi ''''''''''''''''''''''''''''''''Mas Que Nada'''''''''''''''''''''''''''''''', canção que até hoje está entre as de origem brasileira mais tocadas no planeta. Há quem afirme, inclusive, que até é mais executada que Garota de Ipanema. Isso faz sentido porque já foi regravada por artistas dos mais diversos estilos, como Ella Fitzgerald, Dizzy Gillespie, Al Jarreau, Herb Alpert, José Feliciano e Trini Lopez. Na década passada, voltou a ser hit graças à versão do pianista brasileiro Sérgio Mendes com o grupo de hip hop norte-americano Black Eyed Peas. Em 2011, a banda britânica Coldplay mostrou sua interpretação do clássico no Rock in Rio de 2011.

O fato é que a obra de Ben Jor é suficientemente forte para se renovar continuamente e, com isso, conquistar novas gerações. Poucos artistas sexagenários são tão conhecidos e prestiados pelo público jovem brasileiro (de todas as épocas) quanto Jorge.

Nos anos 1980, o artista investiu na carreira internacional e ganhou ainda mais fãs na Europa e Estados Unidos. O sucesso o obrigou a mudar de nome. “Alguma coisa acontecia e os meus direitos autorais iam parar na conta do George Benson. Aí, para parar a confusão, achei melhor mudar”, conta ele sempre que perguntam.

A mudança ocorreu em 1989 e muitos disseram que era por causa de numerologia. Pode ser que essa arte esotérica tenha tido alguma influência na escolha do novo nome, masa lenda de que teria sido uma recomendação do ‘astral’ pegou por dois motivos. O primeiro é que Ben Jor é muito religioso. Chegou a fazer um disco inteiro em homenagem a São Jorge, ou Ogum, seu santo na tradição afro-brasileira. O segundo motivo foi a enorme onda de sucesso que experimentou depois da mudança.

No começo dos anos 1990, toda a geração que nasceu depois do estouro de ''''''''''''''''''''''''''''''''Mas Que Nada'''''''''''''''''''''''''''''''', ''''''''''''''''''''''''''''''''País Tropical'''''''''''''''''''''''''''''''' e ''''''''''''''''''''''''''''''''Zazueira'''''''''''''''''''''''''''''''' ganhou um novo Jorge, agora chamado de Ben Jor, que embalou a geração com o hit ''''''''''''''''''''''''''''''''W/Brasil'''''''''''''''''''''''''''''''' e com o disco ''''''''''''''''''''''''''''''''23'''''''''''''''''''''''''''''''', fez a turma se acabar de dançar em bailes e shows em que, muitas vezes, trazia como convidado mais que especial Tim Maia, o amigo de longa data, com quem tinha imensa afinidade. Nas apresentações com Ben Jor, Dom Maia não faltava, não dava vexame e até reclamava menos da falta de retorno no áudio do palco.

Quem viu os dois juntos em situações prosaicas, como em check-in de aeroporto, percebia a capacidade de Jorge de fazer com que Tim mostrasse o seu lado mais amável, brincalhão e bem-humorado. Afinal, não existe ninguém mais Salve Simpatia neste País Tropical do que o líder da Banda do Zé Pretinho. Dessa energia de luz, nem o Síndico escapava.

Jorge Ben Jor Show. Hoje, às 23h. No Espaço das Américas – Rua Tagipuru, 795, São Paulo. Tel.: 2027-0777. Ingressos: R$ 50 a R$ 160 (vendas na bilheteria do local ou por meio do site www.ticket360.com.br)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;