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Dois lados do patrimônio de Ribeirão
Renan Fonseca
Do Diário do Grande ABC
25/04/2011 | 07:45
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O cineasta Herbert Richers e o escritor Oswald de Andrade já foram munícipes de Ribeirão Pires. Mais que isso, a cidade já serviu de inspiração artística para as duas personalidades. Hoje, porém, os aposentos dos dois personagens da história e cultura brasileiros servem para mostrar a situação da conservação dos patrimônios do município.

O sítio que pertenceu a Oswald não está tombado nem está nas mãos da Prefeitura. A propriedade, a sede e todos os móveis da época de 1940, foram adquiridos pela família de Ricardo Antunes de Castro Conde, empresário aviador aposentado.

Toda a casa encontra-se restaurada e ainda mantém alguns móveis usados pelo escritor. Estima-se até que Oswald tenha escrito uma de suas obras no sítio, Marco Zero 2: Chão. "A propriedade pertenceu, primeiramente ao meu pai, que comprou da família do Oswald. Em 1995 assumi a responsabilidade pelo local e preservei cada detalhe", contou Conde.

Atualmente, o proprietário da residência pretende tomar parte do terreno e erguer uma pousada ecológica com visitação para a sede. "Certa vez, a Prefeitura tentou fazer acordo para assumir a preservação do local. Mas a negociação não foi para frente", relatou Conde. "Agora, vou levar adiante a construção de uma pousada ecológica com 24 apartamento. Mas vou manter a casa, que deve servir de atrativo."

A varanda dá vista a uma bela paisagem com vegetação e a continuação da cidade ao fundo. A lareira ainda dá um toque épico à sala adornada de telas com pinturas clássicas e modernas. Na cozinha, o fogão a lenha pode ser utilizado, bem como panelas e bules que pertenceram ao escritor.

No piso superior, dois grandes quartos conservam portas, janelas e lavatórios. "Costumo frequentar o sítio nos fins de semana, com a família e os amigos. É um local muito agradável", falou Conde.

CACOS
Já o Casarão Pastoril, que pertenceu a Richers se mantém intocado e malcuidado há anos. Até mesmo o processo de tombamento do imóvel (número 6994/03) está estagnado, conforme o Instituto do Patrimônio do ABC. O local seria tombado e protegido se o Conselho de Defesa  do Patrimônio Cultural e Natural de Ribeirão Pires ainda estivesse funcionando.

O casarão está no Centro, porém, tapado pela testada de uma grande loja. "Era uma casa muito bonita. Minha amiga trabalhou como caseira quando os donos ainda moravam no casarão. Pena que está assim tão destruída", disse dona Antonia Maria Camilo,  57 anos.

"Hoje nem parece que pertenceu a uma pessoa tão importante. As pessoas comentam que alguns usuários de drogas já invadiram a casa", comentou a doméstica Florina da Silva Souza, 63. As duas mulheres passam diariamente na frente do aintigo casarão.

O secretário da Juventude, Esporte, Lazer, Cultura e Turismo, Luiz Gustavo Pinheiro Volpe, disse que a prioridade, no momento, é a Igreja do Pilar. "Os demais prédios históricos vão passar por levantamento para sabermos as necessidades", ressaltou o gestor.




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