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Ladrões matam ator na divisa entre Sto.André e SP
Nicolas Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
14/04/2003 | 20:33
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O ator e professor de teatro da Fundação das Artes de São Caetano Cristiano Cordeiro Bezerra, 28 anos, foi brutalmente morto na noite de domingo, quando passava com seu carro numa rua do bairro Camilópolis próximo à divisa entre Santo André e São Paulo. Bezerra recebeu um tiro de espingarda calibre 12 no rosto, em uma sucessão de crimes que envolveram a morte de outras duas pessoas na divisa entre as cidades.

O ator foi morto por presenciar o roubo do carro do empresário S.Z.C., 20, na rua Taubaté, região do bairro Camilópolis, na divisa com a favela do Jardim Elba, em São Paulo. Um homem foi preso e outros dois criminosos estão foragidos.

Por volta de 23h30, C. estava na rua Taubaté quando foi surpreendido pelo trio de ladrões. Um deles, armado com um revólver, entrou na frente de seu Kadett e o mandou parar. O empresário disse à polícia que outro criminoso dava cobertura com uma espingarda e um terceiro homem estava dentro de um Monza.

“Eu pulei do carro e me escondi. Acho que foi quando eles atiraram e acertaram o outro rapaz”, disse C..

Bezerra, coincidentemente, tinha um Kadett igual ao de C.. Ele foi morto dentro do carro. Os ladrões fugiram com o Kadett do empresário e o Monza. Próximo ao local do crime, a polícia encontrou o corpo de outro homem, que não tinha documentos e permanecia no IML (Instituto Médico-Legal) de Santo André até segunda-feira à tarde.

Antes do duplo homicídio, o trio teria baleado o motorista de ônibus Dario Bibiano Reis, 31 anos, quando ele passava pela avenida do Oratório, em São Paulo. Mesmo atingido, Reis deixou alguns passageiros em um ponto adiante da avenida e dirigiu até o 70º DP (Distrito Policial), no bairro Sapopemba. Ao chegar na delegacia, foi socorrido por policiais e levado até o Pronto-Socorro da Vila Iva, onde morreu. Ele teria recebido um tiro de calibre 12 no queixo.

Depois do crime contra o professor de teatro, dois ladrões dirigiram até a favela do Mangue, em São Paulo, onde pretendiam abandonar o Monza usado como apoio ao roubo do Kadett. Quando chegaram em uma rua da favela, foram surpreendidos por uma viatura da Polícia Militar.

Houve perseguição e o Monza só parou ao bater em um muro. Márcio Amaro da Silva, 20 anos, foi detido em flagrante, e o outro homem conseguiu fugir.

Teatro – O professor de teatro foi sepultado segunda-feira à tarde no cemitério Jardim das Colinas, em São Bernardo. O caixão de Bezerra estava lacrado, pois o rosto do ator foi desfigurado pelo disparo de escopeta. Cerca de 100 pessoas estiveram no local, entre parentes, alunos e colegas de faculdade.

“Ele estava voltando para casa depois de apresentar uma peça de teatro em São Paulo”, disse o pai da vítima. “Era muito esforçado. Estava cursando rádio e TV na Metodista, dando aulas na Fundação das Artes, além de tocar uma companhia de teatro com amigos”, disse.

“Ele já era professor da casa há mais de dois anos. Uma ótima pessoa e muito batalhador”, disse o diretor geral da Fundação das Artes, Antônio Carlos Neves Pinto. Além das aulas em São Caetano, Bezerra fazia espetáculos em um teatro na região de Cangaíba, bairro carente da zona Leste de São Paulo.




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