Setecidades Titulo
Terreno de Santo André é invadido por sem-teto
André Vieira
Felipe Rodrigues
09/05/2010 | 07:36
Compartilhar notícia


Cerca de 200 famílias de sem-teto ocuparam um terreno na Cidade São Jorge, em Santo André, na madrugada de ontem. A ação foi liderada pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e tem como objetivo conseguir a inscrição dos invasores nos programas habitação da cidade.

"Nosso objetivo é propor que o terreno seja comprado pelo programa Minha Casa, Minha Vida, já que o proprietário possui dívidas de IPTU. Se aprovarem, todos vão sair ganhando", afirmou Helena Silvestre, coordenadora do movimento.

A Prefeitura não soube informar se realmente a suposta inadimplência do proprietário existe ou não.

"Estamos com a ocupação consolidada. Nossa perspectiva é abrir negociação com o poder público - em particular com a Prefeitura de Santo André, mas também com a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) e com a Caixa Econômica Federal - para encontrar solução para essas famílias", aqrgumentou um dos líderes do MTST, Guilherme Castro Boulos. Ele contou que o acampamento montado no Grande ABC está integrado a uma política nacional de ocupações orquestradas pelo movimento.

"Nós só queremos o direito de ter moradia digna", alegou Tatiane Souza, 28 anos, que, mesmo grávida de nove meses, pretendia dormir nas barracas que foram erguidas pelos invasores.

Montando sua tenda, a aposentada Maria Socorro, 52, afirmou que só sairá se a Prefeitura oferecer lugar para ela morar com os filhos. A área ocupada pertence à imobiliária Construbig, à construtora Goldfarb e à Prefeitura de Santo André.

"O terreno fica em uma área de manancial e também está próximo do aterro sanitário. Portanto, não há condições de construir moradias populares (por lá)", afirmou o secretário de Habitação de Santo André, Frederico Muraro, que marcou reunião com os manifestantes segunda-feira na Prefeitura para negociar a desocupação da área.


Movimento invadiu e depredou Prefeitura de Mauá em 2009

A última ocupação organizada pelo MTST no Grande ABC foi realizada no Jardim Paranavaí, em Mauá, e terminou mal. Se adiantando a negociações previamente marcadas com a Prefeitura, em fevereiro de 2009 o grupo invadiu a sede do Executivo da cidade e entrou em choque com a Guarda Civil Municipal. O saldo do confronto foi um prédio destruído, dezenas de feridos e centenas detidos. Com os manifestantes, que atribuíram a violência do episódio ao suposto descontrole da Guarda Civil.

A ocupação da área começou em novembro de 2008 e foi justificada pelo MTST pela necessidade de incluir os sem-teto em programas habitacionais. Menos de um mês depois do confronto, as cerca de 500 pessoas que ocuparam o terreno público abandonaram o local. Ligações clandestinas de água e energia elétrica garantiram o prolongamento do acampamento, que perdurou por quatro meses.

HISTÓRICO

Outras três ocupações no Grande ABC são atribuídas ao MTST. Em março de 2008, o grupo entrou em área particular na Vila Olinda, também em Mauá. A Justiça determinou a reintegração de posse e, depois de fazer acordo com o proprietário, as 423 famílias se retiraram do local.

A movimentação anterior foi realizada em 2007, quando 300 pessoas ocuparam terreno por uma semana no bairro Taboão, em Diadema.

Em julho de 2003, também sob a bandeira do MTST, cerca de 7.000 famílias ocuparam área de 200 mil metros quadrados no bairro Ferrazópolis, em São Bernardo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;