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Ex-massagista revela ter o trabalho cerceado após morte

Itamar Rosa foi impedido de ir ao funeral e acusou clube de saber da gravidade do problema

Thiago Bassan
27/10/2014 | 07:29
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Desde o dia 27 de outubro de 2004, o ex-massagista do São Caetano Itamar Patrocínio Rosa viveu calvário na vida pessoal e profissional. Ele, que hoje atua como advogado no interior paulista, revelou, com exclusividade ao Diário, que foi humilhado pelos dirigentes do clube e até hoje move processo por danos morais e racismo. Itamar conta que foi perseguido e dá indícios de que os dirigentes do clube tinham ciência de que o problema de Serginho era mais grave do que o comentado.

Eu sabia que o Serginho tinha um problema. Diziam que não era algo muito grave. Mas era do meu conhecimento. Se eu conhecia, creio que outras pessoas no clube sabiam também. Não posso falar pelos outros, mas é difícil que ninguém soubesse disso”, comenta o ex-massagista.

Itamar conta também que passou por diversos problemas desde a morte de Serginho. Diz que começou a ser monitorado pela diretoria durante treinamentos e entrevistas coletivas.

“Fiquei trancado em um apartamento durante três dias, com a imprensa me procurando. Não pude nem ir ao enterro, me despedir do Serginho. Cheguei a dar entrevista para o (Pedro) Bassan e tive que pedir para que não passassem na TV, com medo de perder o emprego. Depois da morte do Serginho, a minha vida foi um transtorno. O São Caetano pegou no meu pé de forma que eu não tinha liberdade para nada. A imprensa ficava de um lado do Anacleto (Campanella) e eu precisava ficar do outro, distante. Eles tinham receio que eu poderia falar alguma coisa. Pegaram no meu pé de uma forma que eu não aguentava mais. Se eu saísse do prédio naquela ocaisão, ou desse alguma entrevista, seria mandado embora na hora”, garante Itamar.

O ex-massagista foi o primeiro a revelar sobre a realização de reunião com líderes do elenco e o médico Paulo Forte, na qual ficaram sabendo que o ex-zagueiro tinha um problema no coração.

“Participaram (do encontro) sete ou oito jogadores. E foi dito que a chance de o Serginho ter alguma coisa relacionada a isso era de 1%, o que tranquilizou bastante o elenco”, relata ele.

Apesar das inúmeras contradições envolvendo o caso, Itamar acredita que a morte do ex-companheiro ocorreu ainda no gramado do Morumbi. “Quando a gente trabalha com futebol tem alguma experiência em tipos de lesões, coisas do gênero. Quando o atleta cai em campo, sabemos se machucou de verdade ou não. Se ele cai e sai rolando pelo chão, temos consciência de que não foi nada grave. Mas, no caso do Serginho, foi algo bastante estranho. Percebemos que era grave e quando chegamos lá, nos demos conta da situação. Não dá para afirmar que ele morreu ali, mas deu para perceber que o Serginho estava enfartando. O colocamos na maca e ele abriu o olho para dar o último respiro. Mas já sentimos ali que seria difícil ele sobreviver”, revela.

Ainda segundo Itamar, o ex-zagueiro tinha conhecimento de alteração no exame. Entretanto, não aceitou a ideia de que poderia ter de encerrar a carreira precocemente.

“O Serginho sabia do seu problema. Ele comentava nos bastidores que não iria parar de jogar futebol por causa de 1% de chances de acontecer alguma coisa. Dizia que não iria passar fome por causa de porcentagem médica. A chance era pequena e ele não queria parar de atuar por causa disso. O Serginho tinha proposta para jogar fora do País (Olympique de Marselha)e estava praticamente certo que seria negociado (no fim do Campeonato Brasileiro de 2004)”, afirma Itamar. A diretoria do São Caetano foi procurada para comentar as acusações de Itamar, mas não foi encontrada. 




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