Esportes Titulo
Para especialista, exames crescem, mas análise dos dados é deficiente

Médico Nabil Ghorayeb faz alerta de que clubes recorrem a qualquer clínica em busca de laudos

Anderson Fattori
27/10/2014 | 07:21
Compartilhar notícia


É notório que o futebol mudou após a morte do zagueiro Serginho. Se antes os jogadores reclamavam dos exames e os clubes refutavam quando o assunto era gastar dinheiro para atestar a capacidade física do elenco, depois de outubro de 2004 tudo foi diferente. Nos dias seguintes ao acontecimento, o volume de atendimento nas clínicas aumentou e é assim até hoje. De acordo com o médico Nabil Ghorayeb, um dos principais especialistas em coração no Brasil, a interpretação dos exames tem sido feita por profissionais sem qualificação.

Presidente do departamento de Cardiologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Nabil lamenta o fato de alguns clubes recorrerem a qualquer clínica para conseguir os laudos de aptidão física. “Já peguei relatórios analisados por plantonista de hospital. É preciso entender que o coração de um atleta é diferente ao de uma pessoa normal, com menos carga de atividade física. Por isso, os exames laboratoriais são importantes, mas precisam ser avaliados por pessoas especializadas, caso contrário o perigo é o mesmo”, explica.

Nabil foi um dos médicos mais requisitados na época para tentar explicar o que ocorreu com Serginho. “Houve comoção muito grande entre os esportistas, principalmente porque foram três casos quase que consecutivos (referindo-se às morte do camaronês Marc-Vivien Foe, em 2003, e do húngaro Miklos Fehér, em 2004). Foi importante porque ampliou-se a discussão sobre o assunto e muitos jogadores tiveram suas vidas salvas pelos exames de pré-temporada”, analisa.

Entre os atletas que tiveram o rumo da carreira alterado após os exames de pré-temporada encontra-se o atacante Fabrício Carvalho, que estava em campo pelo Azulão na noite da morte de Serginho e, a partir de 2005, ficou dois anos longe dos gramados para tratar de arritmia (leia mais ao lado).

Apesar do aumento na prevenção, segundo dados do próprio médico, apenas em 2014, 20 atletas morreram praticando esporte no Brasil.

 

DESFIBRILADOR

Além dos exames e análises eficientes, o desfibrilador passou a ser fundamental nos locais de práticas esportivas porque consegue reanimar vítima de parada cardíaca. Havia equipamentos deste no Morumbi na noite da morte de Serginho, mas estavam em local de difícil acesso da equipe médica.

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;