Ex-lateral-direito afirma que alguns atletas cobraram informações durante reunião
Destaque do time campeão paulista em 2004, o ex-lateral direito Ânderson Lima destaca que alguns jogadores do elenco sabiam que Serginho tinha problema cardíaco. E tal fato foi revelado durante reunião de lideranças do elenco com o médico do clube, Paulo Forte, semanas antes da morte. A pauta do encontro, no entanto, era a troca de massagistas do clube.
O massagista Batatinha (Antônio Flávio Batata), que está no clube até hoje, seria trocado por Pedrinho, profissional da confiança do médico. No entanto, o elenco não gostou da mudança e alguns representantes se reuniram com Forte para discutir o assunto. Foi então que esses atletas descobriram o problema de Serginho.
“Na realidade a reunião aconteceu porque o doutor Paulo queria trazer um massagista da confiança dele e, desta maneira, iria trocar o Batatinha. Mas o nosso grupo tinha um coração muito bom. Você (Batatinha) ajuda as pessoas e quando você precisa, não te dão a mão. Naquele momento, fizemos o encontro. E no meio da conversa, perguntamos por que o Serginho estava sempre saindo mais cedo dos treinamentos. O doutor disse que não era nada grave, que o Serginho era como um cavalo e que nada aconteceria”, recorda o ex-jogador.
Apesar do conhecimento sobre o problema do ex-zagueiro, Ânderson Lima diz que, na sua avaliação, não existem culpados pela morte. “Foi falado muita coisa na época. O doutor Paulo tinha comentado com a gente que ele (Serginho) fazia alguns exames de rotina. Mas ninguém sabia do que realmente se tratava. Se ele tinha algum problema grave de fato, as pessoas teriam que ser responsabilizadas. O doutor Paulo mesmo sentiu na pele. Ficou um bom tempo sem poder trabalhar”, comenta.
Por outro lado, o ex-jogador do Azulão faz críticas severas aos clubes que, na época, não davam importância para os problemas que poderiam acontecer com os jogadores, como aconteceu com Serginho. Os cuidados com a saúde dos atletas, segundo Lima, não eram os realmente necessários, como se faz nos dias atuais.
“A verdade é que os clubes não estavam preparados para que aquilo pudesse ocorrer. Ninguém imaginava que poderia ter atendimento de urgência. E olha que isso aconteceu no Morumbi, um dos estádios mais modernos. Na hora, a ambulância não conseguiu entrar no gramado. Ninguém estava preparado e isso hoje em dia melhorou”, ressalta Ânderson Lima.
A saudade, entretanto, ainda é visível nos olhos do ex-companheiro de Serginho. “É muito triste ver alguém que convive com você no dia a dia passar por aquela situação. Pouco antes estávamos abraçados no campo. Depois, ele cai como uma pedra. Sentimos muito até hoje a perda dele. Uma cena bastante triste. O Serginho era um baita cara, amigo e ótimo profissional”, salienta.
Dininho recorda ‘pior momento da carreira’
“Foi o pior momento da minha carreira”. Desta maneira, o ex-zagueiro Dininho relata o dia em que o ex-companheiro Serginho morreu, no Morumbi, vítima de parada cardiorrespiratória, Os dois jogadores formaram aquela que é considerada por muitos a melhor zaga do São Caetano em todos os tempos.
“Eu lembro como se fosse hoje. Desde o momento da concentração até a cena em que ele caiu no gramado. Logo que acabou o primeiro tempo, ele veio ao meu lado e disse que estava se sentindo quente. Depois, quando caiu, foi aquele alvoroço. Foi um momento muito triste, o pior da minha carreira. Todos estavam ansiosos, angustiados. Ficamos no ônibus procurando notícias e, quando soubemos, fomos todos para o hospital. É muito triste ver o sofrimento dos companheiros e da família”, relata o ex-defensor.
Dininho e Serginho eram companheiros inseparáveis no elenco. Os dois jogaram juntos no clube desde o início dos anos 2000 e eram vistos com frequência próximos nas rodinhas de conversa durante treinos e até mesmo fora de campo, quando as famílias costumavam sair para jantar.
“Dividíamos o quarto na concentração. Era como se a gente fosse irmão de sangue. Ele estava jogando muito na época e nunca pensávamos que isso poderia acontecer. O Serginho tinha uma carreira muito grande pela frente. A gente se coloca no lugar da família. Não é fácil perder uma pessoa querida. Vai ser difícil apagar da lembrança tudo que vivemos. Alcançamos muitos objetivos juntos, sempre procuramos incentivar um ao outro”, destaca Dininho.
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