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Torcedores usam internet para incitar violência
Márcio Donizete
Especial para o Diário
20/10/2014 | 08:00
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A morte do torcedor Leonardo da Mata Santos, 21 anos, ontem, em emboscada que envolveu torcedores do Palmeiras e do Santos na Via Anchieta, em São Bernardo, parece não ter comovido integrantes das torcidas organizadas dos respectivos clubes. Na página oficial da Mancha Alviverde no Facebook, após o ocorrido, comentários agressivos que foram feitos.

Em um dos posts, uma torcedora do Palmeiras escreveu: “Quando vocês (integrantes da Mancha) vão acordar, parar de apanhar e começar a reagir?”, indicando que se vingue a morte de Leonardo. Em outro comentário da mesma pessoa, ela debocha: “Pior que a Mancha arma a emboscada e ainda apanha (risos)”.

Um usuário da Mancha também pediu vingança. “Tudo que vai, volta. Vamos reagir, MV (Mancha Verde), acordar. Se dão tiro, dá tiro também. Quantos MV já morreram?”

Um integrante identificado da Torcida Jovem do Santos disse logo abaixo: “Lá no ABC eles correram, aí hoje vieram armar outra em cima da gente e se f... A Mancha tenta, tenta, tenta, mas com a (Torcida) Jovem (do Santos) não aguenta”. Um palmeirense retrucou o santista prometendo troco: “Vocês (santistas) conhecem muito bem, a bala come sem dó”.

Para o psicólogo Magnus Jonas Ribeiro, em entrevista concedida ao Diário, esse tipo de reação é causada pela facilidade que a internet proporciona ao usuário de demonstrar alguma indignação.

“Acessível ao senso comum, esse tipo de comportamento é uma aproximação generalizada. Eles (torcedores) preferem incitar o ódio do que recorrer a métodos legais e jurídicos”, explica o especialista. “Hoje em dia, com a era da tecnologia, as redes sociais vieram para aproximar as pessoas umas das outras e assim sublimar de forma ilusória as emoções que são geradas no dia a dia com as experiências pelas quais passamos”, justifica.

“Se a experiência gerou um afeto que incita ao ódio, esse, ilusoriamente é facilmente compensado com um novo ato vindo de outro indivíduo, demonstrando que a superioridade do indivíduo está em uma conquista quase que territorial”, finaliza Ribeiro.

Violência entre torcidas nos estádios não para de crescer

Há tempo que mortes de torcedores roubam a cena nos noticiários esportivos. Cada vez mais fãs saem de casa com o intuito de agredir adversários, como ocorreu ontem, no Km 17 da Via Anchieta, em São Bernardo, entre palmeirenses e santistas, uma vez que o conflito ocorreu longe do Pacaembu, local do clássico.

Não existem dados estatísticos sobre o número de mortes nesta temporada, mas, em 2013, 30 pessoas morreram dentro ou fora dos estádios brasileiros. O número é 30% superior ao registrado em 2012 (23 mortes).

Números de estudo feito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro evidencia o crescimento da violência nos estádios. Entre 1999 a 2008 ocorreram 42 mortes, o que daria média de quatro por ano, inferior ao registrados nas últimas temporadas.

O último caso havia sido registrado em agosto, quando o professor Gilberto Torres Pereira, 30 anos, torcedor do Palmeiras, foi agredido por corintianos e morreu. A briga ocorreu perto da Estação Franco da Rocha da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Torcedora passa mal e é retirada da arquibancada pelos Bombeiros

Uma palmeirense não identificada deixou a arquibancada do Pacaembu socorrida pelo Corpo de Bombeiros após passar mal por conta do calor que atingiu ontem a cidade de São Paulo.

Ela foi levada ao posto médico, onde foi medicada e liberada. De acordo com a médica Ana Maria Visconti, responsável pelo pronto atendimento do estádio, cerca de 20 pessoas precisaram de socorro por causa do calor.
 




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