O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reuniu militância e lideranças na quadra do Sindicato dos Bancários, na Capital, e reconheceu “que poderia ter feito mais” pela campanha de Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo do Estado e que ficou na terceira colocação no pleito que se encerrou já no primeiro turno, com vitória do governador Geraldo Alckmin (PSDB).

Apesar do mea-culpa, Lula utilizou grande parte do seu discurso para criticar o PSDB na corrida presidencial e defender o PT em São Paulo, onde a presidente Dilma Rousseff, postulante à reeleição pelo PT, perdeu por 4,2 milhões de votos para Aécio Neves (PSDB).

“Fiz o que podia na campanha do Padilha, mas sei que poderia fazer mais. Aliás, ficamos em falta com o Padilha, porque eu não entendo como um Estado que reúne tanto operário registra mais voto para um presidente da Fiesp (caso de Paulo Skaf, do PMDB). Constatei que havia algo errado no nosso discurso (na eleição paulista) e é isso que precisamos fazer agora para melhorar a votação da Dilma”, afirmou Lula, aos berros, para os militantes.

O diretório paulista foi criticado pela diferença de votos entre Aécio e Dilma no maior colégio eleitoral do País e pelo fraco desempenho de Padilha no pleito estadual, fatores que contribuíram para redução da bancada do partido na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa.
Para motivar a militância a reduzir a diferença entre a petista e o tucano no território paulista, Lula evocou gestões do PT na Capital e em grandes cidades da Região Metropolitana.

“Muitas vezes, os petistas do Brasil criticam os de São Paulo, dizendo que aqui tem muito antipetista, mas quero lembrar a vocês que governamos três vezes a Capital (com Luiza Erundina, Marta Suplicy e, agora, com Fernando Haddad), governamos outras cidades como Santo André, São Bernardo, Ribeirão Preto, Guarulhos e Campinas. Então aqui tem muito petista que precisa ir para as ruas melhorar o desempenho (da Dilma)”, recordou.

CORRUPÇÃO
Lula criticou o PSDB, dizendo que petistas não podem aceitar passivamente o rótulo de corruptos que tucanos empregam ao PT. “Não podemos aceitar que eles nos chamem de corruptos e produzirem adesivos com ‘fora PT’. Nós nunca fizemos isso, porque queremos derrotar eles nas urnas”.

O ex-presidente também rebateu discurso de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que, em entrevista à Folha de S.Paulo, opinou que o eleitor do PT é “desinformado”. “O que o FHC disse não é o pensamento dele, e sim uma cultura. Ele disse isso porque pensa que o Nordeste e a periferia de São Paulo são iguais à época dele, mas não é mais assim.”