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Hospitais de brinquedos resistem ao tempo e à 'invasão' chinesa
Marília Montich
Especial para o Diário OnLine
10/10/2008 | 08:10
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O destino de um brinquedo quebrado é, na maioria das vezes, o lixo. Em razão da facilidade de compra e da entrada de produtos importados no mercado — principalmente os chineses —, tornou-se raro encontrar quem prefira consertar esses objetos velhos em vez de descartá-los. Mas é para agradar a essa pequena parcela da população que os chamados hospitais de brinquedos ainda existem.

O Pronto Socorro dos Brinquedos, em Santo André, existe há 15 anos e recebe clientes que vão desde crianças até 'jovens sessentões'. A cada mês, o comércio contabiliza cerca de 500 atendimentos, um número pequeno se comparado à demanda do passado. "Desde o ano 2000, os atendimentos caíram bastante. A restauração de bonecas, por exemplo, tem apenas um chamado por ano, isso porque o conserto é caro", conta Clóvis Melato, proprietário do Pronto Socorro.

"Hoje há facilidade de compra. Só se conserta o que é caro. Uma boneca de R$ 100, por exemplo, as pessoas consertam. Agora uma que custa R$ 15, não", explica Melato, que indica ainda a dificuldade de adquirir peças de reposição no caso dos brinquedos importados.

Atualmente, o forte da 'clínica' são os eletrônicos. "Motos elétricas, MP4 e videogames vêm para cá todos os dias", diz.

Em outra loja do gênero, a de Sebastião Mesquita, em Santo André, a situação se repete. "O conserto é mais voltado para a área mecânica e elétrica. No caso de bonecas, você limpa, penteia o cabelo, conserta alguma coisinha e está pronta", conta o proprietário da Vicente's Hobbies, em funcionamento há 30 anos.

Mesquita conta que desde a 'invasão' dos produtos chineses os atendimentos de seu hospital caíram 60%. "Eu não dependo da loja, a loja que depende de mim", afirma, referindo-se à não lucratividade do negócio devido aos poucos clientes.

Cliente fiel - Ao contrário da maioria das pessoas, o comerciante Ricardo Rosário Andrade, 33 anos, ainda vê vantagens em levar os brinquedos de sua filha de 2 anos para o Pronto Socorro dos Brinquedos. "O preço para consertar é bem acessível. Chega a ser de 10% a 15% do valor da boneca. Compensa, já que eu sei que ela vai quebrar de novo", diz Andrade, ressaltando ainda que o valor sentimental que o produto possui não é compensado por um novo.

Para Clóvis Melato, a diminuição da demanda por consertos não significa a extinção do ramo. "Acredito que esse tipo de serviço não vai acabar nunca. Enquanto existir uma criança, vai existir um brinquedo quebrado", afirma.

Serviço

Pronto Socorro dos Brinquedos
Rua Martim Francisco, 07, Parque das Nações - Santo André
Das 8h às 18h (de segunda à sexta-feira)
Das 8h às 13h (aos sábados)

Vicente's Hobbies
Rua Coronel Fernando Prestes, 275, Centro - Santo André
Das 8h às 18h (de segunda à sexta-feira)
Das 8h às 14h (aos sábados) 




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