Quem disse que o Água Santa iria debutar em competições profissionais fora de casa? Com o campo sintético igual ao do Estádio Inamar, o Estádio do Baetão foi pintado pela torcida de azul e branco virou palco da primeira vitória da equipe de Diadema, de virada, por 2 a 1, sobre o tradicional Esporte Clube São Bernardo, ontem pela manhã, na primeira rodada do Grupo 8 da Segunda Divisão do Campeonato Paulista.

Antes mesmo de começar a partida, a equipe considerada mandante viu que não estaria em casa na estreia. Oito ônibus trouxeram os torcedores apaixonados pelo Netuno, como é conhecido o Água Santa. Eles lotaram o Baetão, enquanto cerca de 100 são-bernardenses buscavam empurrar o Cachorrão.

Até o prefeito de Diadema, Lauro Michels, foi ao estádio e assistiu ao primeiro tempo ao lado dos torcedores. "Temos de ficar onde o povo está. Não vou ficar no ar fresco", destacou o chefe do Executivo. "Já estreamos com a vitória (5 a 1) do CA Diadema (sobre o Grêmio Mauaense, no sábado). Vamos vencer mais uma", completou.

O Água Santa fez jus à torcida e não se intimidou com a estreia, dominando todo o confronto. Faltou apenas mais capricho nas finalizações, porque a torcida cansou de lamentar as chances perdidas no primeiro tempo.

O atacante Rafael Martins desperdiçou três belas oportunidades. Rafael Mineiro também foi outro que teve chance, mas parou no arqueiro adversário.

"Estou gostando muito do jogo. A equipe está disputando pela primeira vez e faz bonito", destacou o torcedor Alexandre Ferreira, 37, da organizada Aquática, no intervalo. "Está maravilhoso, nosso time vai subir logo. Já ganhamos tudo na várzea e permaneceremos assim", emendou Paulo Carvalho, 26, da Tuta.

Porém, após desperdícios no primeiro tempo, o Água Santa foi castigado na segunda etapa. Em bela jogada pela esquerda, aos 18 minutos, Daniel cruzou e Washington completou para festa dos visitantes, melhor, mandantes, no Baetão.

Foi então que a torcida diademense gritou mais alto e o time correspondeu em campo. Pablo fez pênalti em Rafael Martins, que Lucas cobrou aos 20 e empatou.

O segundo não demorou a sair. Aos 29, Lucas recebeu de Marcelo e mandou ao gol para festa da torcida, que terminou o jogo gritando ‘olé' e ‘o Baetão é nosso.'

Passarelli se irrita com domínio rival nas arquibancadas

A maioria absoluta da torcida do Água Santa no Baetão irritou o técnico Júlio César Passarelli, do EC São Bernardo. Segundo ele, a força das arquibancadas fez a diferença, principalmente quando o Cachorrão abriu o placar.

"O Água Santa foi melhor na partida, criou as melhores chances e não marcamos bem. Faltou um pouco de maturidade à minha equipe, mas já conversei com eles nos vestiários", admitiu o treinador. "Porém fiquei triste com a diretoria. Não precisávamos entregar toda essa carga de ingressos a eles (do Água Santa). Quando fizemos o gol, a torcida deles animou o Água Santa. Isso fez a diferença." Ninguém da diretoria foi encontrado para falar sobre as declarações.

O atacante Washington, autor do gol do Cachorrão, minimizou a presença da torcida adversária. "A festa que eles fizeram foi bonita, sem agredir ninguém. É mais gostoso jogar com casa cheia", destacou ele, que lamentou o EC São Bernardo não ter segurado o resultado quando abriu o placar. "Faltou um pouco de maturidade. Mas eles atuaram melhor que nós", disse.

Do banco para fazer história no Netuno

Lucas acabou preterido no início da partida, mas foi o meia quem entrou para história do Água Santa ao marcar os dois primeiros gols em competições profissionais. Ele revelou ainda ter pressentido que balançaria a rede.

"Estava no banco, comentei que entraria e seria o primeiro jogador a marcar. E Deus me abençoou para eu cobrar bem aquele pênalti", revelou Lucas. "Nosso time não tem vaidade. Estava confiante para cobrar o pênalti e os companheiros apoiaram", completou.

Os gols, no entanto, não subiram à cabeça do jogador. "Não vou pensar em titularidade. Tenho de respeitar meus colegas e, caso não seja escolhido, ficarei na torcida por todos", garantiu.