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Preço de livros cai e população lê mais

Pesquisa da Fipe aponta queda de 4,42% nos valores e alta de 8,3% nas compras

Karina Nappi
Do Diário do Grande ABC
04/09/2011 | 07:07
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As vendas de livros no Brasil cresceram 8,3% entre 2009 e 2010, aponta a pesquisa da Câmara Brasileira do Livro e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, realizada pela Fipe. A Pesquisa sobre Produção e Vendas do Mercado Editorial Brasileiro, considera apenas o movimento em livrarias, internet e porta a porta, dentre outros canais, excluindo compras governamentais e de entidades sociais.

O faturamento relativo a esse recorte mercadológico da comercialização sofreu um decréscimo real de 2,24%. Isso significa que o preço médio do livro diminuiu 4,42% em 2010. Ou seja, os custos dos livros estão em queda e, com isso, os brasileiros estão lendo mais.

“Entre 2008 e 2009, a pesquisa anual já havia registrado redução de 3,52% nos preços. Os números são ainda mais consistentes se lembrarmos que edições anteriores do estudo já apontavam, no período de 2004 a 2008, quedas acentuadas de preços dos livros: 24,5% no segmento de didáticos; 22,4% no de obras gerais; 38% no de religiosos e 23,3% no de científicos, técnicos e profissionais”, explica Karine Pansa, presidente da CBL.

Além disso, a pesquisa da Fipe aponta crescimento de 4,96 pontos percentuais na comercialização de livros porta a porta, o que na opinião de Karine é fundamental em um país com as dimensões do Brasil, no qual ainda há carência de pontos de venda em bairros afastados nas grandes cidades e em numerosos municípios mais distantes das regiões metropolitanas.

“Em 2009, 39,74 milhões de livros haviam sido comercializados por esse canal, representando 16,64% do total. Em 2010, foram 56,04 milhões de exemplares, significando 21,66%. Esse avanço evidencia que as classes C e D estão comprando mais livros”, relata. O porta a porta é um canal decisivo de acesso para os 53 milhões de brasileiros, conta Karine. “É um contingente superior à população da Espanha, que o estudo ‘O Emergente dos Emergentes’, da Fundação Getúlio Vargas e do Banco Interamericano de Desenvolvimento, indicou terem entrado no mercado consumidor desde 2003.”

Outro destaque do estudo anual é a tendência de aumento da edição de novos títulos, com crescimento de 8,9%. “Isto significa mais opções para o público leitor e oportunidades maiores para o surgimento de novos escritores”, diz.

Em 2010, foram publicados 51,6 mil títulos de autores brasileiros, significando crescimento de 32,64% em relação aos 38,9 mil do ano anterior. Quanto à quantidade de exemplares relativos aos títulos nacionais, o número produzido cresceu 29,6%.

O estudo da Fipe mostrou que há no Brasil 750 editoras ativas. Dentre elas, 498 enquadram-se na classificação da Unesco: edição de pelo menos cinco títulos e produção mínima de cinco mil exemplares por ano. As 498 empresas que atendem a tais critérios dividem-se da seguinte forma: 231 têm faturamento até R$ 1 milhão; 189, entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões; 62, entre R$ 10 milhões e R$ 50 milhões; e 16 têm receita acima de R$ 50 milhões.

O maior número de títulos e autores nacionais, também é interessante notar, é de livros de literatura, de acordo com a pesquisa deste ano. Ficam atrás apenas dos didáticos, que representam e à frente dos religiosos, que figuram no terceiro lugar.

BNDES aprova R$ 86 milhões para plano da Editora Saraiva

O BNDES aprovou financiamento de R$ 86 milhões à Saraiva Livreiros Editores. Os recursos vão custear 58,2% do plano trienal de investimentos da companhia, que prevê a renovação do catálogo de títulos, a produção de conteúdo pedagógico digital, o aperfeiçoamento do sistema de ensino Agora (que visa contribuir para a educação pública no Brasil) e o desenvolvimento de ferramentas de tecnologia da informação.

Para consolidar sua posição, a editora pretende lançar novos títulos e reformular obras de grande aceitação. O projeto contempla não apenas segmentos nos quais já é considerada referência, mas abrange a categoria de Obras Gerais, nicho há pouco tempo incorporado à estratégia de negócios.

Também foi aprovado financiamento de R$ 3,6 milhões para a Editora Atheneu. Os recursos irão viabilizar a publicação de 113 títulos na área de Saúde. Desse total, 94 trabalhos serão inéditos. A empresa dedica-se exclusivamente à edição de autores brasileiros e, com frequência, traduz seus títulos para o espanhol, visando exportá-los aos demais países da América Latina. O investimento beneficiará profissionais e estudantes de Medicina, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Nutrição e Psicologia.

Além disso, o BNDES apoia sob a forma de patrocínio a 15ª Bienal do Livro Rio, que começou na quinta-feira, no Riocentro, e segue até o dia 11, período em que deve receber cerca de 640 mil visitantes.

Participam do evento expositores de editoras e livrarias nacionais, representantes de editoras internacionais e autores independentes, além de bibliotecas, institutos, fundações e outras entidades ligadas diretamente à cultura e à educação.

Desde 2009, o Banco reforçou seu apoio ao setor, através da ampliação do Programa BNDES para o Desenvolvimento da Economia da Cultura (BNDES Procult). À época, foi instituída a linha específica “Apoio ao segmento editorial e livrarias”, por meio do qual o banco já aprovou R$ 249,5 milhões em financiamentos à edição e impressão de livros.




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