Economia Titulo Cenário
Pesquisa: produção industrial desacelera ainda mais
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
24/08/2011 | 07:14
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Os sinais de desaceleração no setor industrial ficaram mais nítidos em julho, aponta pesquisa da Confederação Nacional da Indústria.

Pelo levantamento, os estoques encerraram o período muito acima do planejado pelas empresas. Numa escala que vai de zero a 100 pontos, em que acima de 50 significa produtos estocados mais do que previsto, o índice subiu de 51 pontos em maio para 53,9 no mês passado.

Ao mesmo tempo, a produção ficou estável, em 50,4 pontos, e a utilização da capacidade instalada ficou em média em 75%, índice que está abaixo do usual pelo oitavo mês consecutivo.

De acordo com o economista da CNI Marcelo de Ávila, mesmo com a desaceleração na atividade industrial, registrada desde o início do ano, os estoques indesejados tiveram um crescimento elevado em julho. "Como esses itens precisam ser desovados, a produção industrial não deve crescer", prevê. "Soma-se a isso o cenário desfavorável às vendas, pois tanto o mercado externo quanto o interno estão desaquecidos, os juros e a inflação estão em alta e há escassez de crédito", completa Ávila.

Dos 26 setores da indústria, 22 operam com atividade abaixo do usual. No que se refere ao porte das empresas, as pequenas são as que mais sofrem. Registram queda na produção, enquanto as médias mostram estabilidade e as grandes apresentam crescimento. Entretanto, mesmo com produção crescente, as indústrias de grande porte também estão com a utilização de capacidade instalada em julho abaixo do usual para o mês. A evolução do número de empregados na indústria também está estável, com 50,1 pontos.

O diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo em São Caetano, William Pesinato, assinala que, em alguns setores, o cenário segue estável, mas na área automotiva já se percebe o desaquecimento. "Quando começam a fazer muitos feirões é porque não estão vendendo", diz. Ele também cita que a situação mundial ruim deverá refletir no País.

Outro representante do Ciesp, o diretor da regional de Santo André, Shotoku Yamamoto, avalia que a desaceleração era previsível. "O próprio governo já está projetando crescimento menor do PIB (Produto Interno Bruto)", observa.

Além disso, o ritmo do crescimento do varejo, que tem sido superior ao da atividade industrial, mostra que há processo de desindustrialização, aponta Shotoku. "Esse descolamento ocorre por causa da importação", diz.




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