Nova legislação, criada para monitorar, com uma identificação única, cada medicamento produzido e vendido no Brasil, deverá ajudar a impulsionar os negócios da empresa Active, de Santo André.

A lei (11.903) foi sancionada em janeiro do ano passado e estabeleceu três anos para os laboratórios se adaptarem, já que atualmente os remédios têm números de lotes, mas não registros individualizados.

A Active, especializada em sistemas de automação para a área farmacêutica, projeta ampliar em até 80% suas vendas neste ano, chegando a R$ 9 milhões, dos quais R$ 3 milhões viriam da venda de software desenvolvido para atender ao requisito de rastreabilidade fixado pela nova legislação.

Em 2009, a companhia havia alcançado R$ 5 milhões, com crescimento de 50% em relação ao ano anterior, ainda sem contar com a demanda esperada em função da Lei 11.903 - já existem laboratórios com experiências-piloto, mas as mudanças nas linhas de produção ainda não começaram para valer.

Fundada há 15 anos, a Active já domina atualmente o mercado. Em sua carteira de clientes, constam nomes como a Pfizer, EMS, Aché, Novartis, Sanofi Aventis, Medley, Neo Química, entre outros.

Seus sistemas, que se integram a outros voltados à gestão empresarial, fazem, por exemplo, o controle de estoques, da higienização e da pesagem de matéria-prima, no processo de produção dos remédios.

O know how na área é um diferencial. "Conhecemos bem o business dessa indústria e preparamos os softwares para atender às exigências da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), da FDA (o órgão regulador norte-americano) e da EMEA (da Europa). Temos no quadro de empregados, de um total de 50 pessoas, sete farmacêuticos", destaca o diretor de negócios, Márcio Moreti.

CONHECIMENTO - A empresa também procura se atualizar. Desde 2008, por exemplo, acompanha as consultas públicas para o estabelecimento da nova norma, criada para evitar problemas de informalidade e falsificação.

"Temos informações frescas do que acontece no mercado", afirma o diretor de operações, Rodrigo Alvarez, que também é presidente da filial brasileira da ISPE (em inglês, Sociedade Internacional de Engenharia Farmacêutica).

Companhia tem política de valorização dos funcionários

A política de recursos humanos da Active é outro diferencial que ajuda a explicar a trajetória ascendente da empresa. A companhia tem programa de participação nos resultados atrelado a metas corporativas e individuais e, além disso, procura valorizar os funcionários e abrir espaço para a criatividade.

Fazem parte dessa estratégia horários flexíveis e práticas como planos de carreira no País ou no Exterior - a empresa tem filial no México -, premiação anual dos que se destacam com um mês de curso em outro país e ainda a oportunidade dos funcionários talentosos se tornarem sócios minoritários.

"A ideia é reter os talentos, crescer sem turnouver (rotatividade) alta", afirma Alvarez. E Moreti acrescenta: "O nosso maior patrimônio é o nosso pessoal; do faturamento de R$ 5 milhões, metade disso (R$ 2,5 milhões) foi pago em salários".

A origem dos dois sócios - eles eram funcionários da área de TI (tecnologia de informação) da antiga Ciba-Geigy (atual Novartis) e saíram para montar negócio próprio - explica esse foco. "Somos uma empresa pequena mas com pensamento de grande. Nossos procedimentos são compatíveis com os de uma multinacional ou até melhores", diz Alvarez.

Os empresários destacam a importância de terem passado, no início do empreendimento, pelo curso Empretec, oferecido pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Metodologia desenvolvida pela ONU (Organização das Nações Unidas) e ministrada no Brasil com exclusividade pelo Sebrae, o programa oferece a oportunidade de dos executivos vivenciarem mudanças comportamentais, revendo conceitos e atitudes, para melhorarem características do comportamento empreendedor.