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No último dia 18 teve início no Twitter campanha motivada por alguns influenciadores digitais de ‘resgate’ da Bandeira Nacional e do orgulho de ser brasileiro. O argumento é o de que o símbolo pátrio é de todos e não somente de determinado grupo que o utiliza para demonstrar apoio político. No caso, os partidários do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Aprofundando o tema, chegaremos à conclusão de que estes emblemas sempre foram ‘sequestrados’ de alguma maneira para uso de nichos, é tática que ocorre no mundo há tempos e no Brasil não poderia ser diferente.
O primeiro a usar do expediente em escala foi Getúlio Vargas (1882- durante o Estado Novo (1937-1945). O gaúcho promoveu a apropriação dos símbolos da Pátria e os incorporou ao seu governo. Sob clara inspiração do fascismo europeu, GV promovia culto à figura, distribuía folhetos e cartilhas com seu rosto e a Bandeira Brasileira, manifestações com grande público em ruas e estádios, onde todos agitavam pequenas bandeirolas, e chegou ao ponto de proibir e promover cerimônia de queima das flâmulas dos Estados. A única permitida era a nacional.
O ufanismo foi crescendo aos poucos nos anos JK (1956-1961) com a conquista da Copa da Suécia de 1958 e novamente os elementos da Nação foram incorporados pelo Estado durante a ditadura militar (1964-1985). Navegando no tricampeonato de futebol em 1970, em slogans – como ‘Brasil: Ame-o ou Deixe-o’ e ‘Ninguém Segura Este País’ – e em campanhas publicitárias com músicas de triste memória, como Eu Te Amo, Meu Brasil e Pra Frente Brasil. O movimento pelas Diretas Já (1984) arrancou dos militares a bandeira e o hino e os trouxe de volta para o povo. Fernando Collor tentou em seu governo (1990-1992) enveredar pelo nacionalismo das massas e recebeu como troca caras pintadas e pessoas saindo de preto às ruas pela sua deposição.
Após período inerte, os símbolos voltaram a ser utilizados politicamente a partir dos protestos contra o segundo governo Dilma Rousseff e seu impeachment em 2016. Eram os patriotas contra os vermelhos. Atualmente, os ‘verdadeiros’ brasileiros são os que defendem o governo Bolsonaro. Quem não apoia está ‘contra’ o Brasil. Nesse ponto, a ação iniciada no Twitter tende a ser benéfica e a tentar alterar a narrativa dentro da bolha. Mas é só isso e nada mais. O brasileiro se acostumou ao longo de séculos a não ter o menor orgulho de sua Pátria. É o famoso ‘complexo de vira-latas’ eternizado por Nelson Rodrigues. Mudar requer transformações estruturais em nossa sociedade. Enquanto isso, vamos continuar vendo a bandeira, o hino, o brasão e tudo mais sendo sequestrados aqui e ali.
Caio Bruno é jornalista e morador de São Caetano.
PALAVRA DO LEITOR
Teich
Na reunião ministerial no dia 22 de abril, ficou visível a feição assustada do então ministro da Saúde, Nelson Teich. Para ele, atônito, era circo de horrores.
Humberto Schuwartz Soares
Vila Velha (ES)
Escolha
A Vida em primeiro lugar! Na edição deste Diário, temos como manchete ‘Municípios estudam ir ao supremo por autonomia em ações contra vírus’ (ontem). No alto da página lemos: ‘O jogo da vida na várzea’. No Editorial – ‘Soberania necessária’ – segue este Diário discorrendo sobre o tema Covid-19 – direitos e deveres dos municípios no equacionamento entre a defesa primeira da vida e ou da economia. O bispo diocesano de nossa região, dom Pedro Carlos Cipollini, aborda o mesmo assunto, sob o título ‘Apocalipse: a escolha é sua’ (Setecidades)... a cada um cabe escolher – promover a morte ou promover a vida! O que você está escolhendo?’ Diante deste quadro e do agravamento da pandemia, podendo levar o governo do nosso Estado a decretar lockdown, e sob o compromisso público dos nossos sete alcaides, de aguardar e seguir as orientações de João Doria, a serem validadas pelo conselho gestor da pandemia, reitero o questionamento feito pelo nosso bispo dom Pedro: ‘Promover a morte ou promover a vida! O que você está escolhendo?’
Filipe dos Anjos
Diadema
Fora de si
O vídeo da reunião ministerial, mais do que provar a denúncia de Moro, revelou ao povo brasileiro que não temos líder, mas sim alguém totalmente alheio e desinteressado pelos graves problemas nacionais que o País enfrenta, demandando ações urgentes, efetivas e coordenadas com propostas de soluções claras e objetivas. O que se viu ali foi presidente fora de si, unicamente voltado para seus problemas pessoais, frustrado porque a letra da lei estava – que absurdo! – sendo seguida à risca por seu ministro da Justiça. Queixumes com xingamentos e ameaças foram a tônica. Sobre a pandemia que está matando milhares de brasileiros, nenhuma só palavra. O que deixou cristalino para pessoas decentes é que temos no Executivo caricatura de presidente, para quem o povo brasileiro pouco importa. Descontrolado! Irresponsável! Querendo armar a população para que irmãos brasileiros se matem por ele. E, para agravar, ladeado por generais que juram defender a Constituição, lá calados e de cabeça baixa diante de tudo isso! Que barbaridade! Que vergonha! Que tristeza!
Eliana França Leme
Campinas (SP)
Covid-19
O Estado de São Paulo mantém pico contínuo de casos de coronavírus, com péssimos resultados para o sistema de saúde por não ocorrer a esperada baixa do pico e maior rotatividade dos pacientes nas UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), que, deste modo, estão sempre lotadas. Por que os índices de isolamento não sobem, mesmo tendo sido decretado feriadão, fechando praias, dificultando saída da população da cidade? E quanto às cidades do Interior, todas têm índices de infectados maior que os da Capital. Já as cidades do Litoral, que seguem medidas mais restritivas com o apoio da população, estão mantendo índices baixos de contaminação. Pelo visto esse perrengue vai longe. Faltou uma pergunta: por que São Paulo se tornou o epicentro desta pandemia no Brasil? Por que tivemos megacarnaval em momento em que o coronavírus estava viajando confortável nas pessoas que chegavam de todas as partes para curtir o momento. Peguem o vídeo do João Doria afirmando que teríamos Carnaval histórico neste Estado, que não haveria perigo nenhum. Pois é! É isso.
Mara Montezuma Assaf
Capital
Corda bamba
Como um cego institucional que nada faz pelo Brasil, Jair Bolsonaro, mesmo assim, delira pensando na reeleição em 2022. Literalmente também despreza o seu juramento de posse, de que iria respeitar a Constituição e defender esta Nação. Mas, na corda bamba, se empenha fazendo até o diabo para evitar provável impeachment quando acolhe no governo o Centrão. Seu passado medíocre como deputado já indicava sua vocação autoritária. Tem no Planalto até sua milícia, como o ‘gabinete do ódio’, comandado pelo investigado filho Carlos, mestre das fake news. Não dá para apostar em presidente como ele, que despreza a ciência e salvar vidas, já que não se cansa de conclamar o povo a desrespeitar o isolamento físico. Como exímio mentiroso, teve confirmadas no vídeo da reunião ministerial do dia 22 acusações do ex-ministro Sergio Moro. Inculto, mostrou sua incivilidade quando proferiu mais de 30 palavrões na reunião. No pós-pandemia, o País, infelizmente, jamais terá condições de fazer reformas e recuperar a nossa economia e avanços sociais com Bolsonaro.
Paulo Panossian
São Carlos (SP)
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