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Método Canova reacende esperança de doentes com cancer
Do Diário do Grande ABC
04/05/1999 | 14:07
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Uma nova forma de tratamento é apontada como a esperança para os mais de 3 milhoes de pacientes com câncer no Brasil. Trata-se do Método Canova, um medicamento capaz de melhorar a qualidade de vida dos doentes e, na maioria dos casos, provocar a remissao dos tumores.

Segundo trabalhos científicos realizados por pesquisadores das Universidades Federal do Paraná e de La Plata (Argentina), o medicamento age na ativaçao dos macrófagos - células componentes do sistema imunológico e presentes em todos os órgaos e tecidos. Por ser um medicamento que estimula o sistema imunológico, é recomendado para tratamento também de doentes de Aids.

Os resultados apresentados em mais de 4.000 pacientes que utilizam o Canova têm surpreendido os médicos brasileiros, entre eles especialistas e cirurgioes. É o caso do médico mineiro Paulo de Tarso Castanheira, que prescreve o Método Canova há mais de dois anos. Segundo ele, exames realizados com seus pacientes comprovaram que o medicamento é capaz de reduzir o volume dos tumores, o desconforto provocado pela doença e, na maioria dos casos, foi constatado o desaparecimento da massa tumoral.

Em Londrina, o oncologista Carlos Eduardo Jadao disse que os resultados dos casos que vem acompanhando cientificamente sao animadores. Ele ressaltou que o novo tratamento nao pode e nem deve ser visto como "a salvaçao do mundo, a fórmula milagrosa no combate ao câncer", mas afirmou que já obteve a involuçao da patologia em até 70% em dois pacientes.

De acordo com Jadao, os pacientes eram portadores de tumores de hipofaringe ao iniciar o tratamento com o Canova, em paralelo ao tratamento de quimioterapia. "Após 90 dias de uso do medicamento, a quimioterapia foi revista porque a lesao havia apresentado grande melhora", disse o médico, acrescentando ainda que o Canova nao apresenta efeitos colaterais e nem toxicidade.

Apesar das inúmeras vantagens, os médicos afirmam que o Canova é um tratamento complementar aos convencionais que sao utilizados para combater a doença. "Em doentes que recebem quimioterapia, por exemplo, o Canova atenua os efeitos colaterais como enjôos, vômitos e a baixa das células de defesa do organismo", explicou o médico Wilson de Oliveira, de Blumenau (SC).

Oliveira afirmou que o medicamento atua também combatendo a dor em estágios terminais da doença, substituindo a morfina, e estimula o sistema imunológico, reduzindo carga viral para os portadores de HIV. "O Canova é indicado principalmente para aqueles pacientes avessos aos efeitos da quimioterapia", disse.

Em Blumenau, Oliveira prescreveu Canova para uma paciente infantil que era portadora de tumor no rim e com duas metástases de pulmao, após tratamento quimioterápico e a retirada de um dos órgaos. Segundo ele, após 45 dias de aplicaçao exclusiva do Canova o nódulo desapareceu. "Há cinco meses, a paciente nao apresenta qualquer sintoma", comemora, acrescentando que neste período a menina ganhou peso e a melhora foi comprovada clínica e radiologicamente.

Atualmente em Campinas (SP) a equipe do cirurgiao Dr. Daniel Gustavo Feliú trata aproximadamente 550 pacientes, dos quais 23 portadores do HIV. Segundo ele, a atuaçao do Canova no sistema imunológico dos seus pacientes despertou o interesse de médicos alopatas como ele.

"Quando se consegue um bom estímulo do sistema imune, verificamos já nas primeiras semanas uma melhora na qualidade de vida dos doentes, bem como a diminuiçao das dores nos pacientes que estao em estado avançado da doença e melhora acentuada nos doentes de Aids", explicou Feliu. Ele também confirma que na maioria dos casos há diminuiçao, estagnaçao e até desaparecimento de tumores cancerosos.

Pesquisas científicas - A pesquisadora e bióloga Dorly de Freitas Buchi, da Universidade Federal do Paraná, está coordenando há um ano e meio pesquisas sobre a açao do medicamento Canova nos macrófagos. Ela já constatou que o uso do medicamento ativou os macrófagos de camundongos de maneira proporcional a dose utilizada, isto quer dizer, quanto mais medicamento aplicado, maior o número de macrófagos ativados. Além disso, a mesma pesquisa constatou que o medicamento nao possui toxicidade, mesmo em altas concentraçoes.

Outra pesquisa realizada por Dorly e sua equipe no Laboratório de Células Neoplásicas do Departamento de Biologia Celular, da UFPR, revelou que os efeitos do Canova em macrófagos alveolares humanos, quando cultivados in vitro em neoplasias como câncer de pulmao e leucemia, foram de grande eficácia.




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