Início
Clube
Banca
Colunista
Redes Sociais
DGABC

Domingo, 28 de Abril de 2024

Vila terá guia de restauro histórico
Adriana Ferraz
Do Diário do Grande ABC
07/10/2006 | 17:28
Compartilhar notícia


A restauração do patrimônio histórico de Paranapiacaba entrou em uma nova fase. Em junho, a Prefeitura – em parceria com a Fundação Santo André – escolheu quatro residências da parte baixa da Vila para participarem do projeto de revitalização, que busca a originalidade das construções. O trabalho piloto na região tem como finalidade a criação de um manual de instruções básicas para a continuidade das obras na Vila daqui para frente.

A idéia é incentivar o restante dos moradores a investirem no restauro das casas com consciência e direcionamento arquitetônico e histórico. Segundo o coordenador do trabalho, Gilson Lameira de Lima, o manual de restauro traz 10 mandamentos primordiais para a manutenção dos traços característicos do século 19.

“Todas as 250 residências de Paranapiacaba feitas em madeira são datadas de 1898. Essas obras precisam de um tratamento especial, com diretrizes rígidas que determinem regras para a formação de um banco de informações, de materiais e adaptações funcionais, entre outras coisas”, explica Lima.

O restauro dos quatro imóveis – localizados em frente ao mercado da parte baixa da Vila – servirão de exemplo para as futuras intervenções. O diretor-geral de Paranapiacaba, Marco Moreto Netto, ressalta o pioneirismo do projeto ao trabalhar com um conjunto de moradias típicas dos operários da antiga ferrovia.

“Estamos resgatando a história da população local. Quando ficarem prontas, essas casas servirão de ponto de partida para o turista em sua visita à Vila”, comenta.

O Centro de Documentação, com inauguração prevista para o ano que vem, vai reunir a memória construtiva do patrimônio por meio da exposição de registros em papel e imagem. A visitação também vai permitir o conhecimento das técnicas utilizadas na época para a construção de ambientes internos e fachadas domésticas.

O arquiteto Gilson Lima garante que a colonização inglesa da Vila seguiu tendências modernas para o final daquele século. “Podemos notar esse modernismo na adoção de quintais, calçadas e jardins. Os materiais utilizados na estrutura e acabamento também se destacavam no ano de 1898. As telhas francesas, por exemplo, eram sinal de status e chegavam ao Brasil importadas de Marselha”, diz.

Passados mais de 100 anos, a deteriorização provocada pela exposição ao tempo aliada à falta de critério na recomposição das peças fez com que características originais dos imóveis se perdessem, dando lugar a uma mistura de estilos, materiais e plantas. “Para a restauração das quatro primeiras casas tivemos de derrubar vários anexos construídos em desacordo com o projeto”, comenta Moretto.

Segundo os especialistas, a presença dos famosos “puxadinhos” é compreensível pela mudança de comportamento observada no período. “Antigamente, as casas não possuíam banheiro interno. Os moradores utilizavam uma espécie de vila sanitária, do lado externo da casa. A evolução das técnicas construtivas despertou a necessidade de mudanças. Para nós, porém, o que vale é o original, por isso, optamos pela demolição dos novos cômodos”, conta Lima.

Os restauradores também precisaram buscar alternativas para a reconstrução da estrutura das casas. O caminho escolhido para reforçar a fundação dos imóveis e melhorar as condições térmicas internas, por exemplo, foi óbvio: utilizar as novidades proporcionadas pela tecnologia.

Entre os novos materiais – que não devem interferir na estética das casas – destaque para a presença de mantas asfálticas e espumas de poliuretano. As primeiras serão usadas para garantir a estrutura das casas, já que a madeira em contato com a pedra ou alvenaria tende a ficar úmida. Já as espumas servirão para aquecer o ambiente e impedir a entrada de água e vento.

À frente do trabalho, os moradores da Vila comemoram o investimento de R$ 300 mil (resultado da parceria firmada) e o incentivo ao desenvolvimento turístico da região. “É muito bom poder participar de um trabalho que trará benefícios para nossa comunidade. Precisamos dessa atenção”, garante Emerson de Oliveira.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.