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Em nota oficial, assinada pelo bispo diocesano de Santo André, dom Décio Pereira, a Cúria informou que "o mesmo (Marival) atentou contra a própria vida". Segundo o documento, o padre estava se submetendo "por indicaçao da Diocese" a tratamento psicológico, "devido a problemas de depressao".
Segundo informaçoes da polícia, o comerciante Euclides Bastos, 28 anos, encontrou Marival. Ele morava com o padre na casa paroquial localizada ao lado da igreja.
De acordo com Claudio Nomura, delegado titular do 1º DP de Santo André, Euclides disse informalmente à polícia que o sacerdote estava com um lençol atado fortemente ao pescoço. "Ele disse que acionou uma Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros", afirmou Nomura. Euclides, ainda segundo o delegado, afirmou ser amigo do padre e trabalhar tanto na paróquia, quanto na pequena fábrica de velas que funciona nos fundos da Igreja de Santa Rita de Cássia.
Levado para o Pronto-Socorro Central da cidade, de acordo com o BO 13.182, registrado no 1º DP, o padre já chegou morto. "No primeiro momento, o médico do PS, pelos sinais externos, adiantou que a causa mortis seria asfixia mecânica", disse. Apenas o laudo do Instituto Médico-Legal poderá comprovar a hipótese de suicídio.
Segundo a polícia, o padre Marival nao deixou nenhum bilhete em sua casa, mas seu computador pessoal foi encaminhado à polícia técnica para análise. A polícia apreendeu também o lençol que teria sido utilizado pelo sacerdote para o enforcamento, além de remédios, possivelmente antidepressivos, segundo a polícia.
Nesta terça à tarde, cerca de 200 pessoas lotaram a Igreja da Vila Gilda para se despedir do padre. No local, foi celebrada uma missa de corpo presente que contou com a participaçao de dom Décio. O corpo do sacerdote foi enterrado, às 16h, no cemitério do bairro Santa Paula, em Sao Caetano.
A família do padre Marival preferiu nao comentar sua morte, mas a comunidade da paróquia de Santa Rita de Cássia o descreveu como uma pessoa extrovertida, alegre e dedicada às tarefas religiosas.
Durante os dois anos em que esteve à frente da paróquia Santa Rita de Cássia, o padre desenvolveu um trabalho com o grupo de jovens da Igreja. "Éramos dez; agora já somamos 80 pessoas. Ele era um pai para os jovens", afirmou Michel Batista da Silva, 20 anos, um dos coordenadores do grupo.
O sacerdote comemorou no último sábado seu 48º aniversário com missa e um bolo no salao paroquial. O redator Fábio Guilherme Ferreira, 28 anos, amigo do padre há oito, nao esteve presente à festa, mas ligou para Marival. "Ele me pareceu feliz, mas disse estar cansado. A minha mae também falou com ele por telefone e o achou triste", afirmou Ferreira.
A mesma impressao teve o vendedor José Ribeiro, 61 anos, que ficou amigo de Marival na época em que o padre ainda atuava na comunidade Sao Felipe Apostolo, em Mauá. Com a mulher, ele visitou o padre no fim da tarde de segunda para entregar-lhe um presente - uma camisa bege. "Ele estava com o olhar triste e disse que estava com diabetes", afirmou.
Padre Marival - ordenado há 15 anos - começou seu ministério no Pará e estudou em Roma, na Itália, por dois anos.
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