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Padre se enforca com lençol em Santo André
Daniel Fernandes
Da Redaçao
07/12/1999 | 21:30
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O padre católico Marival Domingos Pansarello, 48 anos, cometeu suicídio na noite de segunda no interior da casa paroquial onde morava, localizada dentro da Paróquia de Santa Rita de Cássia, na Vila Gilda, em Santo André. Ele foi encontrado no banheiro de seu quarto, com um lençol amarrado no pescoço. Problemas de depressao podem ter levado o padre a se matar. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso.

Em nota oficial, assinada pelo bispo diocesano de Santo André, dom Décio Pereira, a Cúria informou que "o mesmo (Marival) atentou contra a própria vida". Segundo o documento, o padre estava se submetendo "por indicaçao da Diocese" a tratamento psicológico, "devido a problemas de depressao".

Segundo informaçoes da polícia, o comerciante Euclides Bastos, 28 anos, encontrou Marival. Ele morava com o padre na casa paroquial localizada ao lado da igreja.

De acordo com Claudio Nomura, delegado titular do 1º DP de Santo André, Euclides disse informalmente à polícia que o sacerdote estava com um lençol atado fortemente ao pescoço. "Ele disse que acionou uma Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros", afirmou Nomura. Euclides, ainda segundo o delegado, afirmou ser amigo do padre e trabalhar tanto na paróquia, quanto na pequena fábrica de velas que funciona nos fundos da Igreja de Santa Rita de Cássia.

Levado para o Pronto-Socorro Central da cidade, de acordo com o BO 13.182, registrado no 1º DP, o padre já chegou morto. "No primeiro momento, o médico do PS, pelos sinais externos, adiantou que a causa mortis seria asfixia mecânica", disse. Apenas o laudo do Instituto Médico-Legal poderá comprovar a hipótese de suicídio.

Segundo a polícia, o padre Marival nao deixou nenhum bilhete em sua casa, mas seu computador pessoal foi encaminhado à polícia técnica para análise. A polícia apreendeu também o lençol que teria sido utilizado pelo sacerdote para o enforcamento, além de remédios, possivelmente antidepressivos, segundo a polícia.

Nesta terça à tarde, cerca de 200 pessoas lotaram a Igreja da Vila Gilda para se despedir do padre. No local, foi celebrada uma missa de corpo presente que contou com a participaçao de dom Décio. O corpo do sacerdote foi enterrado, às 16h, no cemitério do bairro Santa Paula, em Sao Caetano.

A família do padre Marival preferiu nao comentar sua morte, mas a comunidade da paróquia de Santa Rita de Cássia o descreveu como uma pessoa extrovertida, alegre e dedicada às tarefas religiosas.

Durante os dois anos em que esteve à frente da paróquia Santa Rita de Cássia, o padre desenvolveu um trabalho com o grupo de jovens da Igreja. "Éramos dez; agora já somamos 80 pessoas. Ele era um pai para os jovens", afirmou Michel Batista da Silva, 20 anos, um dos coordenadores do grupo.

O sacerdote comemorou no último sábado seu 48º aniversário com missa e um bolo no salao paroquial. O redator Fábio Guilherme Ferreira, 28 anos, amigo do padre há oito, nao esteve presente à festa, mas ligou para Marival. "Ele me pareceu feliz, mas disse estar cansado. A minha mae também falou com ele por telefone e o achou triste", afirmou Ferreira.

A mesma impressao teve o vendedor José Ribeiro, 61 anos, que ficou amigo de Marival na época em que o padre ainda atuava na comunidade Sao Felipe Apostolo, em Mauá. Com a mulher, ele visitou o padre no fim da tarde de segunda para entregar-lhe um presente - uma camisa bege. "Ele estava com o olhar triste e disse que estava com diabetes", afirmou.

Padre Marival - ordenado há 15 anos - começou seu ministério no Pará e estudou em Roma, na Itália, por dois anos.




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