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O julgamento dos supostos assassinos do banqueiro italiano Roberto Calvi, apelidado de "banqueiro de Deus" e encontrado enforcado em 1982 sob uma ponte em Londres, começou nesta quinta-feira em Roma e foi imediatamente adiado para o dia 23 de novembro por questões de procedimento.
Cinco pessoas devem comparecer ante a vara criminal de Roma acusadas de cumplicidade de homicídio: Pippo Calo, um mafioso siciliano; Ernesto Diotallevi, um delinqüente romano; Silvano Vittor, um contrabandista; o empresário Flavio Carboni e sua companheira Manuela Kleinszig.
Somente Carboni compareceu à audiência nesta quinta-feira. Pippo Cali, detido na prisão Ascoli Piceno de Palermo, na Sicília, participou através de videoconferência. Os outros três são julgados à revelia.
O adiamento do processo foi obtido pelo advogado de Silvano Vittor. De acordo com a acusação, Vittor havia acompanhado Roberto Calvi em Londres como motorista e guarda-costas.
Presidente do Banco Ambrosiano, Calvi, 62 anos, foi encontrado em 18 de junho de 1982 enforcado numa pilastra da ponte dos Blackfriars de Londres. Um ano antes, ele havia sido detido em virtude da investigação sobre a falência de seu banco, e libertado em seguida.
A gestão de Calvi havia deixado um rombo de 1,4 bilhão de dólares nas caixas do Banco Ambrosiano, e outro de 250 milhões de dólares nos cofres do IOR (Instituto das Obras Religiosas) (IOR), o banco do Vaticano, o principal acionista do Banco Ambrosiano, o que valeu a Calvi o apelido de "banqueiro de Deus".
A justiça britânica concluiu que o banqueiro tinha se suicidado, mas essa tese não convenceu, e uma investigação foi aberta em 1992.
Para a acusação, Pippo Calo, encarregado de fazer investimentos com o dinheiro da máfia, ordenou o assassinato de Calvi para punir o "banqueiro de Deus" de ter gerenciado mal o dinheiro entregue a ele.
A máfia também quis, segundo a acusação, impedir Calvi de revelar como o dinheiro da organização era reciclado graças ao Banco Ambrosiano. A Cosa Nostra teria recuperado seus fundos antes da morte do banqueiro, de acordo com a promotoria.
"Os especialistas produziram muitas teses em 23 anos, mas até agora ninguém provou que Calvi foi assassinado", sustentou Ersilia Barraca, advogado de Manuela Kleinszig, que mora atualmente na Áustria.
A próxima audiência foi marcada para o dia 23 de novembro. O julgamento começará em 30 de novembro, e deverá terminar em 25 de janeiro, segundo a agenda fornecida pela corte presidida pelo juiz Mario d'Andria.
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