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Álcool entre jovens preocupa
Wilson Marini
Da APJ
09/03/2015 | 07:00
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O álcool é atualmente a droga que mais preocupa em relação aos jovens e adolescentes, na opinião do pediatra e pneumologista João Paulo Becker Lotufo dada em depoimento quinta-feira à CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo que apura a violação de direitos humanos em universidades paulistas. O percentual de jovens que consomem álcool é alto e uma parte o faz diariamente já aos 17 anos de idade. Lotufo foi convidado a falar aos deputados depois da constatação nas sessões parlamentares que todas as situações de violência vivenciadas pelos primeiranistas (ou “bixos”, como são chamados por veteranos) nas universidades paulistas envolveram o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. A CPI teve início em dezembro, trabalhou no recesso e está prestes a enviar relatório ao Ministério Público apontando os problemas. Ao alertar que efeitos do consumo de álcool, da maconha e do tabaco passaram a ser doenças também pediátricas, Lotufo defendeu a tese de que a prevenção contra as drogas lícitas e ilícitas deve começar ainda na infância. Muitos têm acesso à bebida já aos 10 anos. Em sua visão, medidas eficazes que foram adotadas pelo governo no combate ao cigarro poderiam ser implementadas em relação ao álcool, incluindo o aumento de impostos.

Corresponsabilidade
O depoimento foi dado ainda sob o clima de repercussão da morte em Bauru de estudante de Engenharia Elétrica da Unesp em festa onde houve notório abuso de álcool. O médico chamou a atenção para a corresponsabilidade da sociedade e disse que a culpa não pode recair somente sobre quem consumiu, mas igualmente a quem forneceu a bebida. Falando genericamente, defendeu que as universidades também têm de ser corresponsabilizadas por atos de violência ocorridos por abuso de álcool, mesmo fora do campus. De posse de gráficos estatísticos, o médico disse que o Brasil é o País campeão do mundo em mortes causadas pelo álcool e observou que o hábito de qualquer droga, quando iniciado antes dos 21 anos, tem maior probabilidade de criar dependência na fase adulta. Para ele, as festas open bar, como foi o caso de Bauru, deveriam ser simplesmente proibidas.

Trote violento – 1
Estudantes de Estatística da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) protagonizaram semana passada mais um caso de violência com trotes no Interior. Em uma república, no evento conhecido por ‘Lei dos Bixos’, promoveram um “leilão das bixetes”, em que primeiranistas são incentivadas a se despirem. Ao saber que uma garota de 17 anos encontrava-se em situação constrangedora, tirando apenas os sapatos, enquanto estudantes gritavam “quanto vale”, uma socióloga se dirigiu ao local e filmou com seu celular. Ao deixar o local, foi cercada pelos estudantes que a impediram de sair e ao tentar se desvencilhar, acabou se ferindo. O caso foi registrado em BO (boletim de ocorrência) na Delegacia da Mulher de São Carlos.

Trote violento – 2
Gines Villarinho, formado pela Unicamp (2007 a 2012), contou à CPI que na festa de recepção como calouro levou cusparada de cerveja, teve de lamber o chão do banheiro e passar por corredor de veteranos sob socos e chutes. “Um veterano mandou que eu deitasse no chão, como se eu fosse uma prancha, subiu em minhas costas e começou a pular. Aí comecei a pensar que isso não era só uma brincadeira, que estava passando dos limites”, disse ele. Decidiu não participar da festa de formatura quando se graduou e vetou seu nome na placa de bronze dos formandos. Ele relatou ter ficado “marcado” no campus quando passou a distribuir cartas aos calouros que ingressavam na faculdade, alertando-os para os riscos de participar das festas.

Drogas sintéticas
Um estudo publicado na semana passada pela ONU mostra que a produção de drogas em laboratório, chamadas sintéticas, vem aumentando. Ao todo, 348 substâncias psicoativas foram registradas no período de 2009 a 2013. Com o símbolo do Super-Homem, costuma ser vendida como “ecstasy”, porém os especialistas advertem que pode ser mais perigosa ainda, elevando a temperatura até a morte, como aconteceu naqueles casos.

Drogas sintéticas – 2
A psiquiatra Ana Cecília Marques, presidente da Abead (Associação Brasileira para o Estudo do Álcool e outras Drogas), afirma que o Brasil vem sendo alertado sobre a nova onda de drogas sintéticas há 15 anos, mas não há preocupação do governo a respeito. Drogas sintéticas são consumidas principalmente no Sul e Sudeste do País por população com alto poder aquisitivo. O consumo geralmente acontece em meio à diversão, em festas e baladas com bebidas alcoólicas. Na maior parte dos casos, os usuários são jovens do sexo masculino e universitários ou recém-formados. Depois da maconha, os estimulantes anfetamínicos são os mais conhecidos no mundo, mais do que cocaína.

Muitos usuários, em geral, desconhecem os riscos.




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