Um novo capítulo pode bagunçar ainda mais o futebol brasileiro. Na assembléia geral da CBF, quarta-feira, na Granja Comary, no Rio, os presidentes de 27 federações estaduais declararam guerra às ligas criadas recentemente. Ficou bem claro que o pano de fundo é garantir a sobrevivência dos campeonatos regionais. Era como se a represália fosse deflagrada já na reunião que aprovou as contas da CBF no ano passado e assegurou a permanência de Ricardo Teixeira no comando da entidade. Houve unanimidade na votação dos cartolas, que resolveram se juntar a Teixeira para também enfraquecer as investigações do Ministério Público. O MP recebeu o relatório final da CPI do Senado, que incrimina o presidente da CBF, acusado de cometer diferentes irregularidades. Entre elas, desvio de dinheiro e depósitos em paraísos fiscais.

A proposta que surgiu no encontro de Teresópolis prevê o aumento do número mínimo de jogos contidos no calendário estadual. Assim, os clubes não perderão, segundo a tese defendida, o direito de participar da Copa do Brasil e da Copa dos Campeões – competições organizadas pela CBF, que valem vaga na Libertadores da América. Se prevalecer a idéia – e a CBF modificar a resolução publicada no dia 6 de dezembro –, as equipes terão dificuldades para disputar, simultaneamente, os torneios regionais e estaduais.

Atualmente, um dos itens da RDI determina que os “filiados das ligas regionais que usarem da faculdade de não entrar nos campeonatos estaduais das federações respectivas – e recusarem-se a participar de, pelo menos, cinco partidas, estarão automaticamente impedidos de disputar a Copa dos Campeões e a Copa do Brasil. O entrelaçamento nas tabelas de um e de outro campeonato já irá embolar o calendário neste final de semana. Exemplo: Vasco e Bangu abrem o Carioca sábado, em São Januário. No dia seguinte, o Vasco enfrenta o São Paulo pelo Rio/SP.