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Do Carandiru para
o sucesso

Grupo formado por rappers da região, 509-E comemora 20 anos e faz show em São Bernardo

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
01/12/2019 | 07:00
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Rafael Berezinski/Divulgação


Marcos Fernandes de Omena (Dexter) e Cristian de Souza Augusto (Afro-X) se conheceram ainda crianças, nas ruas do Jardim Calux, em São Bernardo. Se reencontraram de novo, em 1998, mas em outra situação. Dentro da Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru (hoje desativada). Ambos foram presos por roubo. 

O rapper cumpriu sete anos e meio de reclusão. Dexter ficou preso pouco mais de uma década. O que ambos nem imaginavam é que lá dariam vida a um dos grupos mais importantes de rap do Brasil, o 509-E, nome que faz referência aos números e letra que identificavam a cela onde viviam. “Eu já estava. O Dexter chegou quatro anos depois. Logo conseguimos ir morar na mesma cela, que se transformou em ambiente de arte e música”, conta Afro-X.

Fato é que agora, com Dexter e Afro-X com carreiras solo consolidadas, o 509-E celebra duas décadas de sua criação e, após hiato de 16 anos, volta a tomar conta dos palcos com a turnê Vivos, inclusive com show em São Bernardo, marcado para dia 14, a partir das 23h, no Fantastic Lounge Club (Rua Marli, 26). As entradas custam R$ 20 (primeiro lote) e podem ser compradas pelo site www.clubedoingresso.com. A turnê segue no próximo ano, com passagem, inclusive, no festival Lollapalooza, que acontece em São Paulo, em abril.

“Vai ser um show histórico em nossa cidade natal, atendemos aos pedidos dos nossos fãs. Todos podem esperar um (grande) espetáculo e músicas dos dois álbuns clássicos do 509-E”, adianta Afro-X.

Ele se refere aos trabalhos Provérbios 13, lançado em 2000, e MMII DC (2002 Depois de Cristo), apresentado dois anos depois. Deles saltam temas como Hora H, Oitavo Anjo, Noite Infeliz, Profissão Perigo e A Saudade Continua. Ele diz, aliás, que ambos os títulos seguem tão atuais quanto na época em que foram feitos. Segundo o rapper, é triste “encarar a realidade e presenciar o aumento da criminalidade, da violência e da falência do sistema prisional brasileiro”.

Afro-X conta que foi sua a inciativa de colocar o 509-E de volta aos palcos para comemorar a data. “Hoje estamos mais maduros, melhoramos como seres humanos. E deste hiato, a experiência que se tira é que o passado nos serve de base para construção de um futuro promissor”, afirma.

Para o rapper, esse é um momento para lá de especial. “Não é sempre que se faz 20 anos (de trabalho na música). Isso nos motiva. Duas décadas depois, mesmo diante da pausa, nossos fãs mantiveram acesos nossa memória, nosso som e legado”, afirma. Ele diz também que tem sido extraordinário saber que a amizade e respeito, entre ele e Dexter, além da essência do hip hop, estarem vivos em seus corações.

O artista diz que tanto ele quanto Dexter acreditam que a cultura hip hop salva vidas, além de informar, proporcionar senso crítico e dar novas perspectivas aos que com ela se envolvem. “Somos esses exemplos vivos dessa transformação”, afirma. “O rap traz autovalorização. “É a voz dos menos favorecidos, pobres, negros, presidiários e de quem acredita e luta em prol da mudança”, encerra.




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