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Frans Krajcberg faz 80 anos
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
12/04/2001 | 00:05
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  O escultor, fotógrafo, pintor e desenhista Frans Krajcberg comemora 80 anos hoje, mesmo dia em que o cineasta e amigo de duas décadas Walter Salles Jr., de Central do Brasil, faz 45. Cerca de 130 convidados participam, em Nova Viçosa, litoral sul da Bahia, de um almoço informal na companhia dos dois amigos no sítio Natura, do artista plástico de origem polonesa, naturalizado brasileiro em 1948. No cardápio, o lançamento de uma placa alusiva ao Museu Ecológico Frans Krajcberg, que o próprio escultor construirá na cidade para, segundo ele, ter onde mostrar sua obra. “Museus brasileiros nunca me disseram que queriam obras minhas”, diz.

Na lista de convidados estão os nomes do vice-presidente executivo das Organizações Globo, José Roberto Marinho, que envolve também a Fundação Roberto Marinho, e de Ricardo Ribenboim, diretor-superintendente do Itaú Cultural. O projeto do museu seguirá a linguagem de Krajcberg, com materiais naturais e terá um centro de defesa do meio ambiente. “Quero um monumento ecológico, nada a ver com um museu comum”, afirma o artista. O arquiteto paulistano Jaime Cuppertino assina o desafio. Ainda este ano, também será inaugurado em Paris o Museu Krajcberg, no estúdio que o escultor mantém na capital francesa há 43 anos.

A natureza é o cenário da festa, matéria-prima de Krajcberg e seu principal mote de revolta. Ele nem se considera um artista. “O que eu faço é gritar com minhas obras. Nem sempre o grito sai alto, mas continuo gritando”. Krajcberg diz que não tem criado nada, mas, ao que parece, continua ativo. “Vi várias esculturas novas em seu ateliê”, afirma Cuppertino.

Krajcberg vive sozinho e trabalha com troncos de árvores que sobram de queimadas: “O homem destrói e depois grita que a natureza está acabando. A ONU prevê 14 bilhões de habitantes no fim do século. Cidades crescem sem planejamento. Como alimentar essa gente? Onde vão morar? Isso é sério. Mas só se fala em bolsa subiu, bolsa caiu. Economia sempre existiu e, bem ou mal, ela se resolve. Mas quando se trata de destruição da natureza e do solo, não tem volta”.

Avesso a badalações, essa é a primeira festa da vida do escultor, confessou ele a Lucenilde Araújo, dona da pousada Cheiro de Mar e responsável pelo almoço de hoje. “Parecia adolescente. Acompanhou tudo, deu sugestões de decoração”, afirma.

A maior parte dos convidados virá do Rio e de São Paulo. Do exterior, virão da França e da Alemanha, principalmente. Chegariam ontem a Nova Viçosa para um jantar igualmente informal na pousada. Krajcberg não quer presentes, mas ficou maravilhado ao ganhar, anteontem, 10 mil mudas de Israel Klabin, amigo e presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentado, para plantar sua floresta. “Bravo. Isso eu aceito”, comentou na ocasião.




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