O roubo e furto de veículos figuraram como maiores problemas da criminalidade no Grande ABC no ano passado. Dados da Secretaria de Segurança Pública divulgados ontem, mostram que a região teve 19.157 ocorrências registradas nos distritos policiais em 2011. O número é 7% maior se comparado aos 17.883 casos de 2010.

No Estado, o roubo e furto de veículos são problemas crônicos. Os números subiram 15,4% em relação a 2010. No Grande ABC, apenas três das sete cidades apresentaram queda nesses tipos de ocorrência (veja quadro da página 1). Nas demais, aumento superior a 9%.

O comandante interino da Polícia Militar na região, coronel José Belantone Filho, diz que o índice pode ser justificado pelo aumento da frota. Em 2011, o Grande ABC contava com 1,04 milhão de veículos nas ruas, aumento de quase 75% se comparado a dez anos atrás. São quase 4.000 novos automóveis por mês. "Se fizermos comparativo entre frota e ocorrências de roubo e de furto, veremos que o trabalho vem sendo realizado pela polícia na região", disse.

Neste ano, a expectativa do Departamento Nacional de Trânsito é que as sete cidades, somadas, possam ter frota superior a 1,4 milhão de veículos. São 3.400 carros por quilômetro quadrado. No Estado são 1.700. A concentração atrairia os bandidos, somado a outros fatores. O principal deles é o fato de o Grande ABC ser caminho entre o Litoral e a Capital. Pela grande presença de desmanches irregulares, cerca de 30% de veículos roubados ou furtados em outras cidades são encontrados aqui.

Dados para justificar a atuação policial também não faltam. Segundo a Polícia Militar, 60% dos veículos roubados ou furtados na região são recuperados. A média é de 160 carros que voltam aos donos por mês. No Estado, esse número é de 60.

REFORÇO NO EFETIVO

Para o coordenador do Grupo de Trabalho de Segurança Pública do Consórcio Intermunicipal, Benedito Mariano, o aumento no roubo de veículos poderia ser resolvido com efetivo permanente maior disponível. Para ele, o total de cerca de 3.600 policiais militares à disposição na região, 5% do total do efetivo da corporação no Estado, é insuficiente. O ideal seria número próximo dos 5.000, conforme pedido feito pelos prefeitos ao secretário estadual de Segurança Pública,

Através do trabalho conjunto das guardas civis municipais, Mariano acredita que os índices podem ser reduzidos. "Nós estamos trabalhando o monitoramento geral das cidades", completou.

Belantone antecipa que a integração entre o trabalho das polícias Militar e Civil será essencial. Para isso, reunião está agendada para o início da próxima semana para definir as estratégias que serão seguidas neste ano.

Centro de Diadema tem maior número de casos

Exemplo na queda dos índices de criminalidade, Diadema ainda vive crônico problema de roubo e furtos de veículos na região central da cidade. Apesar do município registrar diminuição de 2% nesse tipo de ocorrência se comparado a 2010, o 1º Distrito Policial é o campeão de registros de casos no ano passado, com 1.521. Em nenhuma outra delegacia da região foram feitos tantos boletins de ocorrência dessas práticas criminosas.

"É uma preocupação muito grande essas questões (do roubo e furto de veículos) e está sendo feito mapeamento nas áreas de maior incidência para prevenir os crimes", garantiu o delegado seccional interino, Carlos Eduardo de Carvalho.

Alguns fatores, segundo a Polícia Militar, podem justificar o grande número, quase o dobro dos outros DPs locais: a proximidade com a Capital. Segundo Carvalho, com o Rodoanel, virou prática comum criminosos vizinhos atuarem na cidade, pela facilidade na fuga.