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Brasil muda de 'casa' e exposição preocupa Dunga
Dérek Bittencourt
Com Agências
22/06/2010 | 07:56
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Pela primeira vez desde que chegou à África do Sul a Seleção Brasileira não terá a tão cobrada privacidade que o técnico Dunga impõe aos jogadores. Para não criar clima de festa e dar a abertura que Carlos Alberto Parreira ofereceu durante o Mundial da Alemanha, em 2006, o treinador isolou os brasileiros em hotel de Joanesburgo, cidade que recebeu os dois primeiros jogos verde-amarelos (contra Coréia do Norte e Costa do Marfim).

Agora, com a partida contra Portugal marcada para Durban (no Moses Mabhida Stadium), a delegação segue viagem amanhã para Umhlanga, distante 15 quilômetros do local da partida.

A beleza do hotel no qual a Seleção ficará hospedada chama a atenção, já que é cercado de luxo em seus quatro andares e 205 quartos. Uma diária, por exemplo, oscila entre 3.000 e 6.000 rands (de R$ 750 e R$ 1.500). Por outro lado, fica em uma região extremamente urbana e pode atrair a atenção dos torcedores, situação a qual o treinador tenta evitar.

O prédio está lotado. Hoje, por exemplo, a Coréia do Sul está utilizando das dependências como concentração para o jogo contra a Nigéria, hoje. Além disso, o hotel ainda hospeda diversos turistas, muitos deles brasileiros.

E tumulto é a última coisa que Dunga quer no momento, sobretudo nos dias que antecedem a partida contra os portugueses, que definirá a liderança do Grupo G do Mundial.Dérek Bittencourt

 Reservas vencem jogo-treino: 7 a 1

Enquanto os titulares da partida contra a Costa do Marfim faziam trabalho regenerativo no Fairway Hotel, onde a Seleção Brasileira está hospedada, os reservas participaram de jogo-treino contra o sub-19 do The Birds, equipe sul-africana. E no embalo da vitória de Portugal sobre a Coréia do Norte, o placar foi semelhante: 7 a 1 para os brasucas.

Escalados com Doni; Daniel Alves, Luisão, Thiago Silva e Gilberto; Josué, Kleberson, Ramires e Julio Baptista; Nilmar e Grafite - enquanto Gomes defendeu o gol do adversário - o Brasil tomou um susto no começo, ao sofrer o primeiro gol.

Aos poucos, no entanto, o jogo da Seleção foi encaixando e Grafite deixou tudo igual. Ainda na primeira etapa do trabalho, Júlio Baptista foi o responsável pela virada verde-amarela. Os demais tentos vieram de um zagueiro sul-africano (contra), um de Grafite e outro de Kleberson. Daniel Alves e Ramires, em belos chutes de fora da área, deram números finais à atividade.

Na briga para encontrar o substituto do suspenso Kaká para o confronto diante de Portugal, sexta-feira, Júlio Baptista e Nilmar tiveram bom desempenho nos trabalhos de ontem e não é possível adiantar em quem Dunga optará - Daniel Alves, que jogou na posição na Copa das Confederações, corre por fora.

Enquanto Baptista fez gol no jogo-treino, Nilmar, apesar de atacante de ofício, não balançou a rede, mas deu três assistências em jogadas pela direita. "Boa, Nilmar! Boa!", disse o treinador após lances do atacante. Não que isso signifique decisão pelo atleta.

Hoje, todo o elenco trabalha em dois períodos ainda em Joanesburgo e amanhã segue para Durban, local da partida diante dos lusitanos.

 Gol de Luís Fabiano provoca polêmica

 O segundo gol do Brasil contra a Costa do Marfim, marcado por Luís Fabiano com ajuda do braço, ganhou os noticiários mundiais. Não só pelas comparações à Mano de Diós do argentino Diego Armando Maradona na Copa de 1986, mas pela reação do sorridente árbitro francês Stephan Lannoy ao perguntar ao atacante se havia se aproveitado da irregularidade para se beneficiar.

De acordo com o técnico do São Caetano, Sérgio Guedes, a irregularidade foi clara, mas involuntária. "Não tem como questionar, foi claro que usou o braço. Se não ele não finalizaria. Mas não acredito que houve má-fé", disse. O treinador do Santo André, Sérgio Soares inocentou o atacante ao realizar uma comparação: "O Maradona fez o mesmo e foi campeão mundial."

Avaliando a parte técnica da atitude do juiz, os árbitros Rodrigo Braghetto e Wilson Luiz Seneme disseram que Lannoy errou duas vezes: ao validar o gol e pela atitude em falar com o atacante. "É um lance de difícil interpretação. Quando o Luís Fabiano invade a área, a qualquer momento poderia ser tocado e o árbitro fica extremamente concentrado nisso. O primeiro toque (no braço) foi normal. O segundo é muito difícil, tanto para o assistente quanto para o juiz, que estava encoberto, mas foi irregular", disse Braghetto. "E o comentário do árbitro com o atleta, depois do gol, não foi legal. Deveria ter consultado o assistente pelo rádio, mas o jogador jamais. Ainda mais sorrindo, ficou ainda pior. Mas foi um erro normal, de jogo. De zero a dez, foi de dificuldade dez", emendou.

Seneme teve opinião similar à do companheiro. "Ele ir perguntar ao jogador sobre o lance mostra que não teve certeza na ação. Deveria evitar essa situação para não gerar comentários a respeito. Se tomou a decisão, guarda para si, sem questionar o atleta. Ele foi inocente", afirmou. "Foi um lance muito difícil. A região do braço fica próxima ao ombro. O árbitro ficou na dúvida e interpretou como se tivesse usado o ombro. Mas o erro é inerente ao ser humano", concluiu.DB

Treinador brasileiro pode ser punido por ofensas

As ofensas proferidas por Dunga ao atacante Drogba, ao árbitro francês Stephan Lannoy e a um jornalista brasileiro na partida contra a Costa do Marfim podem render punição ao técnico da Seleção. Ele corre o risco de ser suspenso assim como aconteceu com o técnico argentino Diego Maradona no ano passado. Primeiro, após a expulsão de Kaká, teria chamado o árbitro de "ladrão". Depois, xingou o atacante marfinense e depois, durante a coletiva de imprensa, passou dos limites, "Besta! Burro! Cagão... Cagão!", direcionou ao jornalista.

Ontem, a Fifa confirmou que vai analisar as imagens e pode tomar decisão em breve, o que poderia custar a presença do treinador à beira de campo no restante da Copa do Mundo - Maradona, quando punido, ficou dois meses suspenso. "Vamos acompanhar", disse o porta-voz da entidade, Nicolas Maingot.

Enquanto isso, o técnico do Palmeiras, Luiz Felipe Scolari, comentou as atitudes do colega de profissão, comparando com o tempo no qual comandou a Seleção. "(Na Copa de 2002) pensamos assim: ‘Enquantos estamos aqui, vamos todos dar as mãos'. Foi uma coisa espetacular", afirmou.

Segundo Felipão, a harmonia entre as partes é a solução. "Acho que todo mundo poderia ter um pouco mais de aceitação. Comissão técnica e imprensa", disse.




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