Memória Titulo MEMÓRIA
Um manuscrito. Subsídios históricos. A sorte ajudou
Ademir Médici
06/12/2018 | 07:00
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“Hoje é dia de celebrar, mais do que a emancipação de São Bernardo, a sua independência, ele que hoje é o maior município do Grande ABC e o quarto de São Paulo, depois da Capital, Campinas e Guarulhos.”

Cf. Orlando Morando, prefeito, sexta-feira passada, em plena Praça Lauro Gomes, quando da celebração de mais um aniversário da data maior de São Bernardo, o 30 de novembro.

O relato que temos publicado com pormenores sobre a emancipação de São Bernardo, no manuscrito de Plínio Ghirardello, estava desaparecido. Apareceu como por encanto – fazer memória é também ter sorte. O relato traz pormenores importantes que Memória faz questão de publicar, em capítulos rápidos. São verdadeiros subsídios à memória da cidade.

A chave simbólica

Texto: Plínio Ghirardello (*)

Antes da criação do município de São Bernardo (com o apêndice “do Campo”, em 30 de novembro de 1944, com instalação em 1º de janeiro de 1945), Wallace Cochrane Simonsen fez com que viesse a São Bernardo o presidente da República, Getúlio Vargas.

Criado o município, fomos todos ao Palácio dos Campos Elíseos (sede do governo paulista), ocupado pelo interventor Fernando Costa, para receber a chave do município.

O presidente Getúlio Vargas fez um belo discurso. Entregou a chave simbólica a Fernando Costa e este repassou às mãos de Wallace Simonsen. Naquele momento, o Sr. Wallace dirigiu-se a mim e me declarou portador da chave do município, que foi levada, orgulhosamente, até São Bernardo.

Realizou-se uma passeata histórica pela Rua Marechal Deodoro, eu com a chave nas mãos. A passeata foi filmada. Criado e instalado o município, vieram algumas amarguras.

(*) Manuscrito de nove páginas datado de maio de 1973 e arquivado na Seção de Pesquisa e Memória da Prefeitura de São Bernardo.

Pintor. Músico. Anarquista

Doamos à época, ao Museu de Santo André, uma gravação que fizemos com Natalino Vertematti em 6 de novembro de 1990. Nosso entrevistado morava num apartamento do bairro Campestre. Ele contou sua história de vida, publicada parcialmente aqui em Memória, edições de 26 de setembro e 2 de outubro de 2000.

A íntegra do depoimento está no livro Guido Poianas, Retratos da Cidade, organizado por José Armando Pereira da Silva e lançado pela Prefeitura de Santo André em 2002. No livro, Natalino Vertematti aparece como amigo mais velho do pintor Guido Poianas.

Natalino Vertematti chegou a Santo André em 1910. Estudou com o professor José Augusto Leite Franco pouco antes da construção do grupo escolar, hoje sede do museu. Trabalhou em fábricas. Aprendeu música e pintura. Enveredou pela política de resistência, participando da fundação da Liga ou União Operária de São Bernardo. Ele e companheiros foram perseguidos e presos.

“Tínhamos fundado a Liga porque o operariado estava cego, todo disperso”, narra Vertematti.

Política e sindicalismo, sim. Mas muito trabalho braçal também: “Trabalhei 75 anos pintando prédios comerciais e residenciais”.

Natalino Vertematti falou muita coisa. Está tudo no livro do Guido Poianas. Só não falou das suas ferramentas em madeira, preciosidades agora apresentadas pelo filho de 88 anos, Flavio Vertematte.

Mayara Gusman de Souza, gerente do Museu de Santo André. Por que não começar em Santo André a exposição itinerante com as ferramentas aqui apresentadas? Afinal, o Museu Octaviano Armando Gaiarsa já tem um material inicial do Sr. Natalino. Fica a sugestão.

Interação com Facebook
 

‘O fim de uma grande paixão’

Da crônica de Guido Fidélis publicada pelo Diário em 6 de dezembro de 1988. Confiram a íntegra no Facebook da Memória – acessem o endereço acima.

Diário há 30 anos

Terça-feira, 6 de dezembro de 1988 – ano 31, edição 6928

Manchete – Vendas de autos têm crescimento de 28% este ano
Cultura & Lazer – O cotidiano do Grande ABC pelos Garotos Podres. Reportagem: Antonio Prada.
A banda de punk-rock lançava o seu segundo ‘elepê’, Pior que Antes, e mais uma vez erguia a bandeira do anarquismo, negando totalmente os valores sociais e políticos vigentes.

Mauro, Mau, Português e Sucata formavam o grupo, que nasceu na região e alcançou sucesso também na Alemanha e Polônia.
 

Em 6 de dezembro de...

1918 – Vários empregados da Estrada de Ferro São Paulo Railway, a ‘Inglesa’, que corta a região, recorrem à imprensa para informar sobre a precária situação em que viviam suas famílias. Atacados pela gripe espanhola, eles esgotaram economias e contraíram dívidas para vencer a doença e tratar dos seus. “Seria um ato de caridade e justiça que a direção da estrada oferecesse um pequeno auxílio”, rogam eles.
- A guerra acabou. Do noticiário do Estadão: presidente Wilson, dos Estados Unidos, inicia viagem à Europa para participar da Conferência da Paz. Chegada prevista para 12 ou 13 de dezembro.
1923 – Aprovado o regulamento sobre inspeção e fiscalização do trânsito de veículos na região.
1953 – Inaugurado o Centro Cultural da Juventude São-Bernardense, com palestra do advogado Edmar Rabelo sob o tema A Importância de um Centro Cultural Numa Cidade. Local: salão de festas das irmãs palotinas, à Rua Dr. Flaquer, 40.

Santos do Dia

- São Nicolau
- Leôncia
- Pedro Pascásio (ou Pascoal)

Hoje

- Dia da Extensão Rural no Brasil
 




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