Por causa desta cena, relatada em três páginas, a revista teve seu lançamento adiado e deve começar a ser vendida nos Estados Unidos a partir da próxima quarta-feira. A classificação etária também foi alterada: saltou de livre para 18 anos, ou MR (mature reader). O assunto tem soado mais como uma jogada de marketing.

O sexo não é explícito. A história sugere que Jaqueta Amarela (Hank Pym, no original) reduz seu tamanho para satisfazer sexualmente sua mulher, a heroína Vespa (Janet Van Dyne). Ao final da seqüência, Jaqueta surge de sob o cobertor e caminha entre os seios da moça. Por aqui, a polêmica edição deve chegar em português em um ano – o número disponível nas bancas atualmente é o 49.

Fernando Lopes, editor dos produtos Marvel no Brasil, incluindo os Vingadores, diz que se trata de um “puritanismo exagerado dos norte-americanos”. Segundo ele, fatos semelhantes já ocorreram.

Entre os exemplos está uma história em que a personagem Elektra aparecia em um nu frontal. A edição foi recolhida, retocada e relançada. “Aqui, publicamos a imagem original”, afirma Lopes.

Outro caso é o de uma gráfica do Alabama que se recusou a imprimir o primeiro número da revista Alias (no Brasil lançada no mês passado). “A ex-heroína Jessica Jones, deprimida e bêbada, mantém relação sexual com o amigo Luke Cage, um herói de aluguel”, diz Lopes. Lá, a publicação teve de ser impressa no Canadá; aqui, novamente não fez nenhum estardalhaço.

E toda essa história tem um detalhe interessante. O autor Brian Michael Bendis faz uma referência a um famoso pintor de obras eróticas, o austríaco Egon Schiele (1890-1918). Aparece na parede do quarto um desenho com a tela Mulher Sentada com Joelho Dobrado, de 1917.

Os quadrinhos de super-heróis costumam ter apenas menções sutis da vida sexual dos personagens. Já entre os mais conhecidos autores de desenhos com relações explícitas estão o brasileiro Carlos Zéfiro, o italiano Milo Manara e o francês Philippe Bertrand.