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Indefinições marcam Agência de Desenvolvimento do ABC
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
16/11/2002 | 18:11
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A direção da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC deverá discutir, na reunião marcada para a próxima quinta-feira, a intrincada questão em torno da volta de parte do empresariado regional à entidade e a sucessão, em janeiro, de seu diretor-geral. O posto é ocupado hoje pelo prefeito de Santo André, João Avamileno, que enfrenta críticas dos dirigentes dos Ciesps (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e associações comerciais da região à aparente inércia da Agência.

Os empresários conseguiram a promessa de que teriam a direção a partir de 2003, mas, insatisfeitos, decidiram deixar a entidade no fim de agosto. A pergunta que os demais integrantes da mesa agora fazem é: quem será o candidato ao cargo?

Informações de bastidores dão conta de que Avamileno tenta negociar o retorno dos empresários e que um acordo está próximo. O sucesso da iniciativa divide opiniões entre os demais parceiros.

A gerente do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa), Silvana Pompermayer, tem a impressão de que os empresários ainda têm algum interesse na parceria. Jorge Rosa, que representa as indústrias do Pólo Petroquímico, acha que os representantes dos Ciesps não devem voltar tão cedo.

O vice-presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Octávio Vallejo, afirma que, por enquanto, não existe avanço. “Está tudo parado, como antes.” E o principal motivo da deserção continua sendo de ordem cultural. Os empresários querem imprimir um ritmo executivo à Agência, que parece formatada desde o início para atuar como órgão estratégico, com forte vocação política, embora suprapartidária.

Jorge Rosa afirmou que, caso os empresários mantenham a decisão de não voltar à Agência e lançar candidato, restarão como opções a candidatura de João Avamileno (já que os demais prefeitos parecem pouco interessados no assunto) ou a apresentação de nomes pelos sindicatos, universidades, Sebrae e o Pólo Petroquímico.

Diretor da Polietilenos União e um dos mais antigos colaboradores da agência, Nívio Roque disse que Jorge Rosa chegou a ser cotado para a posição, mas Rosa mesmo afirma que não se candidataria porque não teria tempo de conciliar as atividades da agência com seu trabalho na Petroquímica União.

Silvana acredita que o Sebrae ou qualquer outra das forças que integram a Agência poderiam ocupar a direção, mas acha que a saída dos empresários é um fato pontual, que deve ser alterado. “Temos uma expectativa muito grande com relação ao retorno dos Ciesps, porque são fundamentais para a discussão. Não podemos desperdiçar a participação deles. Temos de perguntar porque entraram, porque saíram e com que intenção poderiam ficar.”

Pólo Petroquímico e Sebrae entendem também que a Agência não tem a missão executiva que os empresários querem atribuir à entidade. Para Rosa, a Agência significa um canal de comunicação do setor com a sociedade, ainda em maturação. Para Silvana, cada setor deve buscar resultados próprios e usar a mesa da Agência como formuladora de políticas gerais.

Nesse sentido, eles concordam que a Agência deve ter uma direção estratégica ocupada por pessoas experientes na discussão política e aptas a conciliar os diversos interesses envolvidos, mas não pode prescindir de um “segundo escalão”, uma gerência executiva, com profissionais contratados, preparados para cuidar dos projetos e da agenda estabelecidos no primeiro nível.




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