Cultura & Lazer Titulo Música
Obra clássica revisitada

Cantora carioca Joyce Moreno resgata disco de estreia, gravado no ano de 1968

Vinícius Castelli
17/07/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
Divulgação


 A cantora carioca Joyce Moreno viajou. Para longe. Saiu dos dias atuais, em que a tecnologia dita as regras de um mundo que deveria ser menos ‘careta’, e mergulhou 50 anos no passado, em 1968, no momento em que gravou seu álbum de estreia, Joyce, ainda em disco de vinil, com faixas escritas quando tinha entre 18 e 19 anos. O disco, à época, foi ilustrado por 11 composições, algumas autorais e outras delas assinadas por amigos da cantora, como Marcos Valle, Ruy Guerra, Paulinho da Viola, Jards Macalé, Caetano Veloso, Francis Hime, Toninho Horta e Ronaldo Basto.

Agora, aos 70 anos, Joyce Moreno apresenta releituras de todas as faixas do álbum. O resultado pode ser conferido em 50 (Biscoito Fino, R$ 33,90, em média). “Há muito tempo eu queria fazer isso. Gosto do repertório, acho que merecia uma cantora melhor do que aquela de 20 anos”, diz Joyce ao Diário. A artista confessa que, de vez em quando, ouvia as faixas do disco de estreia, apesar de não ser muito de contemplar seus próprios trabalhos. Mas tinha, com certeza, todas as músicas e arranjos da época claros na memória, sabendo exatamente o que queria mudar agora. E assim fez. O resultado? Impressionante.

O repertório, com nova roupagem e mesmo timbre de antes, conta com pérolas como Ansiedade, do então jovem Paulinho da Viola e nunca gravada por ele. Outra que dá brilho é Choro Chorado, de Joyce com Jards Macalé. Ave Maria, que representa o tropicalismo, foi pincelada de Caetano Veloso. Uma mais bonita que a anterior. Outra, que a cantora assinou há 50 anos e ganha versão, é Me Disseram. Na faixa, Joyce já mostrava, como foi dito à época por Vinicius de Morares, espírito feminista.

A artista conta que reviver aquele momento, de quando fez seu primeiro trabalho, foi ótimo, principalmente por ter trazido tantos amigos, convidados, pessoas que são novas em sua vida e outras que estavam com ela desde aquele primeiro momento. Mais lembranças apareceram também. “As críticas machistas que caíram sobre mim pelo fato de eu escrever no feminino singular e ser uma mulher compositora. O crítico que disse que uma determinada música era ‘boa demais para ter sido feita por mulher’. Esse tipo de coisa”, diz.

Além de apresentar as releituras do primeiro disco, 50, que também celebra cinco décadas de carreira da artista, conta com duas canções inéditas. Em Com o Tempo, feita ao lado de Zélia Duncan e participação vocal da parceira, a artista reflete sobre a passagem do tempo. A outra, Velha Maluca, um samba-manifesto, que acaba de ganhar vídeoclipe (disponível no YouTube, canal Biscoito Fino) apresenta o ponto de vista que criou 50. “Sou uma compositora compulsiva e não aguento não ter pelo menos uma ou duas inéditas num disco, mesmo que seja um projeto como esse. Na verdade, acho que são duas músicas que falam sobre o tempo, cada uma à sua maneira, igualmente pertinentes.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;