Cinco anos. Este é o período que Iraides Piai Monteiro, de 71 anos, espera por procedimento cirúrgico no quadril. A idosa foi diagnosticada em 2016 com artrose (doença degenerativa que afeta as cartilagens) avançada durante primeiro exame realizado em Santo André, cidade em qual reside. Quanto mais o tempo passa, mais a dor aumenta e dificulta a execução de ações simples do dia a dia, como tomar banho ou ir do quarto até a cozinha.

No primeiro diagnóstico, houve encaminhamento da paciente para o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Mauá ­- mesmo a idosa morando em Santo André o atendimento é realizado nas unidades com maior número de vagas. Segundo ela, ao tentar contato com os responsáveis pelas unidades de saúde onde passou por atendimento, as respostas eram sempre as mesmas: o caso não apresenta gravidade para realização imediata da cirurgia.

No ano passado, pressionada por familiares, a idosa novamente tentou atendimento, porém, desta vez no AME Santo André, localizado na Vila Assunção. Após consulta com especialista, foi diagnosticado que a paciente necessitava de cirurgia com urgência.

A idosa, que costumava trabalhar apenas com afazeres domésticos, já não consegue realizar atividades básicas e depende da ajuda da filha. "Não aguento andar, preciso de ajuda do andador para poder caminhar. Não consigo tomar nem banho sozinha, preciso esperar minha filha chegar do trabalho para poder me ajudar. Além da falta de independência, sinto muita dor, é terrível", desabafa.

Quando procurou tratamento pela primeira vez, Iraides conta que ainda conseguia se locomover sem ajuda de andador ou bengala. "Fazia de tudo quando trabalhava em casa, agora uma pessoa vem limpar a casa para mim. Já não consigo nem mais fazer o básico", relata.

Segundo a idosa, a última informação repassada a ela, no ano passado, era que guia da sua solicitação havia sido novamente encaminhada, desta vez para o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. "Reclamei e os funcionários me falaram que a guia tinha realmente chegado ao hospital e que em 15 dias iriam ligar, mas até agora nada", afirma a paciente.

Questionada pelo Diário, a Secretaria de Estado da Saúde confirmou que a idosa está na lista de espera para ortopedia de quadril desde 2017 e afirmou que a Cross (Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde) acompanha o caso. A pasta relembrou que durante a pandemia da Covid-19 muitas cirurgias eletivas foram adiadas e para tentar diminuir o número de procedimentos. Atualmente o governo estadual realiza Mutirão das Cirurgias no Estado. Além disso, o órgão estadual de saúde destacou que a idosa permanece na fila de espera e que não pode ter seu procedimento adiantado. "Para garantir a privacidade da paciente não podemos informar qual lugar da fila ela se encontra", finaliza a nota.