Depois de pressão do MP, a Prefeitura elabora um
cronograma para acolhimento de usuários de droga
Após determinação do MP (Ministério Público), a Prefeitura de Santo André vai apresentar, plano para acolhimento e tratamento de usuários de crack que vivem pelas ruas da cidade, especialmente na Vila Guiomar. O prazo para entrega do documento à Promotoria é até o dia 30.
Em agosto do ano passado, o Diário alertou para o problema, comparando o bairro ao pedaço da região central da Capital conhecido como Cracolândia, devido ao alto número de dependentes químicos que vivem por lá.
Passado mais de um ano e com uma troca de gestão na Prefeitura, o poder municipal vai começar a agir apenas agora, segundo o assessor especial de gabinete do prefeito Carlos Grana (PT), Carlos Augusto.
“O governo reconhece que esse problema é uma das nossas maiores dificuldades. Mas estamos planejando atuar em cima dessa situação”, destacou.
Além da Vila Guiomar, a administração municipal estabeleceu outros dois pontos para ação imediata: a Vila Sacadura Cabral, mais precisamente na Avenida Lauro Gomes, divisa com São Bernardo, e Jardim Ana Maria, próximo da Zona Leste da Capital.
O Executivo aguarda a chegada de duas bases móveis equipadas com câmeras de dois quilômetros de alcance, além da instalação de equipamentos de vigilância em outros 20 pontos para coibir o tráfico da droga. “Todos foram detectados por nós como os mais críticos”, disse Augusto.
O trabalho de monitoramento será completado com mais ações já lançadas pela Prefeitura para tratamento de dependentes químicos que desejam deixar essa situação.
O principal deles é a rede Viva Santo André, que englobará o projeto Crack, é Possível Vencer, do governo federal, que garantirá um orçamento de R$ 4 milhões só neste ano para programas sociais, como consultórios médicos de rua e repúblicas terapêuticas para desintoxicação. Também está prevista a ampliação da rede atual de atendimento.
A meta andreense é fazer com que o serviço de vigilância já comece a funcionar até fevereiro de 2014. Mas o município aguarda o envio das unidades móveis e das verbas pelo governo federal.
“Infelizmente pode ser algo que não conseguiremos resultados a curto e médio prazo”, apontou Augusto.
A Prefeitura promete acompanhar a evolução das ações para saber se, de fato, o resultado será positivo. “É um problema social muito grave e que exige empenho. Vamos medir, queremos saber os resultados.”
"É a vista da vergonha", resume moradora da Vila Guiomar
“Quando a gente abre a janela, é a vista da vergonha”, diz uma moradora que não quis ser identificada. A aposentada de 68 anos, moradora da Vila Guiomar há 25, recusa-se a aceitar a nova realidade do bairro.
Mesmo que há quase dois anos ela tenha que conviver com palavrões, mau cheiro, ameaças e até atos sexuais na rua para a qual sua janela dá vista, ela garante que não vai deixar o local. “Gosto muito de morar aqui. E acredito que um dia esse pesadelo vai acabar”, disse.
Desde a última reportagem do Diário, em agosto do ano passado, a situação piorou gravemente. Adolescentes grávidas e crianças compõem o cenário triste dos pontos visitados, incluindo a Vila Sacadura Cabral.
Alguns carros param por ali em busca de um programa sexual barato. Há também outra fonte de renda para a compra da droga: o furto de fios ou de objetos de dentro das residências vizinhas.
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