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Desacelera ritmo da vacinação contra Covid-19 no Grande ABC

Média móvel apresenta recuo de 12% no geral e de 22% na aplicação da segunda dose

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
27/05/2021 | 07:00
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Celso Luiz/ DGABC


As sete cidades do Grande ABC apresentaram queda acentuada na vacinação contra a Covid, principalmente no que diz respeito à segunda dose. De acordo com os boletins enviados pelas prefeituras, nos últimos 14 dias foram aplicados 131.876 imunizantes, contra 149.743 dos 14 dias imediatamente anteriores, ou seja, recuo de 11,9%% na comparação da média móvel. A situação do reforço é ainda mais complicada. Foram 38.187 segundas doses nos últimos 14 dias, contra 49.123 dos 14 dias anteriores, queda de 22,2%.

A situação está relacionada a diversos fatores. O primeiro é a escassez de vacinas, consequência dos envios intermitentes de insumos pela China, país do qual os dois laboratórios brasileiros que produzem os imunizantes, Butantan e Fiocruz, dependem. O instituto paulista teve de parar a produção da Coronavac dia 14 e só retomou ontem, depois que 3.000 litros de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) chegaram ao Brasil, suficientes para produzir 5 milhões de doses, que só devem ficar prontas a partir de 8 de junho. Já o laboratório carioca também teve de interromper a produção da Covishield no dia 20 e retomou ontem, depois de receber, sábado, matéria-prima para 12 milhões de doses. Diferentemente do Butantan, a Fiocruz não teve de parar o envase, ou seja, vai manter o calendário de envio ao PNI (Programa Nacional de Imunizações).

Diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri explica que a oscilação na campanha já era prevista. “A queda na vacinação, sobretudo da segunda dose, acontece por vários motivos, entre eles a alta taxa de abandono já esperada, ou seja, pessoas que começam e não terminam o esquema vacinal. Isso acontece em várias vacinas de muitas doses. A população toma a primeira dose, menos pessoas voltam para a segunda e menos ainda para a terceira, e assim por diante. Isso se deve ao esquecimento, pessoas que tiveram reação e não querem tomar outra vez, indivíduos que se sentem protegidos só com uma dose. No caso da Covid, tem um ingrediente a mais, que é a falta de vacinas, um cenário de desabastecimento”, comentou.

No Grande ABC, de acordo com as prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires, até ontem 8.881 pessoas não retornaram aos postos para receber a segunda dose da vacina contra a Covid na data prevista. Mauá e Rio Grande da Serra não responderam ao questionamento do Diário.

Além da escassez, o especialista alertou para a administração que precisa ser feita por Estados e municípios. “Ideal é que os estoques sejam controlados, que as segundas doses sejam planejadas, só iniciar os novos esquemas quando tivemos garantidas as segundas doses, o que nem sempre é tarefa fácil porque os intervalos (entre doses) são diferentes (de acordo com o fabricante), as pessoas não comparecem e você deixa de vacinar, fica com a vacina na geladeira, tudo muito complicado em cenário de pouca vacina. Essa é a primeira campanha que fazemos sem imunizantes suficientes, realmente é difícil manejar todo esse calendário com atrasos, com faltas, com recebimentos interrompidos, são esperadas essas alterações no ritmo, isso sem falar dos registros imprecisos, já que tem municípios que aplicam doses e nem todos abastecem sistema nacional com informações em tempo real no sentido de ter o retrato atual da situação”, finalizou.

NOVOS GRUPOS

O governo do Estado estimou para agosto o início da vacinação de pessoas com 45 anos ou mais sem comorbidades. De acordo com calendário divulgado ontem, de 2 a 16 de agosto serão contempladas indivíduos com 50 a 54 anos, depois a partir do dia 17 entram na lista pessoas com 45 a 49 anos.

Santo André inicia hoje a vacinação de moradores com comorbidades e quem recebe o BPC (Benefício de Prestação Continuada) acima dos 40 anos, assim como acontece em Ribeirão Pires desde terça-feira. Mauá se antecipou ao calendário previsto pelo governo do Estado e já imuniza pessoas nestas condições acima dos 35 anos. As outras cidades da região seguem imunizando portadores de comorbidades e BPC a partir dos 45 anos.

Em Santo André é necessário fazer o agendamento no site psa.santoandre.br/vacinacovid. O sistema indicará datas, locais e horários disponíveis. Em Mauá as doses serão ministradas das 9h às 16h nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde), sem agendamento. Em Ribeirão Pires as vacinas são aplicadas no drive-thru do Complexo Ayrton Senna, das 8h às 16h.

Em todos os locais é preciso apresentar documento de identidade com foto, comprovante de residência, além de comprovante da condição de risco por meio de exames, receitas, relatório ou prescrição médica. 




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