Aos 67 anos, Andrade externou sua afeição pelos bardos brasileiros com o espetáculo solo Versos à Boca da Noite, que permaneceu três anos em cartaz a partir de 1999. Neste monólogo, o intérprete evocava no palco, por meio de suas obras, Carlos Drummond de Andrade, Hilda Hilst, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira e Mário Quintana. A trama que unia esses versejadores era a figura de um poeta/personagem, em derrocada criativa. Para constar: um dos mais recentes trabalhos de Andrade foi uma versão de O Mercador de Veneza, de Shakespeare, adaptada por ele.
No Sesc São Caetano, a missão do veterano ator é um tanto mais didática ao apresentar excertos de obra e contextualizar o barroco Matos, o subterrâneo Augusto dos Anjos e o apocalíptico Salomão. São três autores que representam mudanças - seja rumo ao modernismo, seja rumo à liberdade editorial - na história literária do Brasil, embora execrados por seus contemporâneos.
Marginália: Marginais e Malditos na Arte - Leitura dramática de poemas de Gregório de Matos (1623-1696), Augusto dos Anjos (1884-1914) e Waly Salomão (1944-2003), pelo ator Milton Andrade, no Sesc São Caetano - r. Piauí, 554. Tel.: 4223-8800. Nesta quinta, às 20h. Entrada franca.
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