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Tijolos contam histórias em Diadema

Até 31 de outubro, Centro de Memória abrigará exposição
de fotos de imóveis antigos e simbólicos para o município

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
26/08/2012 | 07:00
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A casa não é apenas o teto que abriga uma família. Tijolos e paredes contam histórias da época em que foram construídos. O uso das residências revela segredos escondidos no passado. Descobrir detalhes da vida cotidiana e familiar de uma cidade em expansão é a principal meta da exposição Casas de Diadema: Documentos da História da Cidade, no Centro de Memória até 31 de outubro.

Ali é possível recordar as chácaras do condomínio Praia Vermelha, do tempo em que o bairro Eldorado e a límpida água da Billings eram o lazer dos endinheirados da Capital. As cerca de 40 fotos do acervo também trazem lembranças do início da urbanização das favelas, com a construção dos conjuntos nos núcleos Santa Maria I, Vera Lúcia e Dom João VII, na década de 1980, e o modelo de casa popular utilizado nos anos 1970 como política habitacional.

A historiadora Maria de Lourdes Ferreira, a Malu, é uma das curadoras. Segundo ela, as diferentes formas de construir e morar contam histórias de uma época. “O patrimônio não é apenas o que é grande, imponente, mas também o imóvel que conta a história de como a cidade se desenvolveu. Apenas assim as pessoas entendem o valor de preservar.”

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DE FAMÍLIA

A exposição traz diversas casas de chácara que pertenceram a famílias importantes. Muitas são da década de 1940 e permanecem de pé, mesmo sem serem tombadas pelo patrimônio.

Entre elas está a Chácara Santo Antonio, de Evandro Caiaffa Esquível, onde se iniciou a emancipação da cidade, efetivada em 1959. “A família mantinha as portas abertas para a população”, afirma Malu.

Outro imóvel fotografado é a Casa da Pedra de Alfredo Bernardo Leite, que corria o risco de ser demolida para construção de prédios no terreno onde está localizada, no bairro Taboão. A Prefeitura conseguiu acordo com a incorporadora e a residência será preservada e utilizada como salão de festas do condomínio. “Foi uma vitória para o patrimônio histórico da cidade”, garante o arquiteto Luiz Hermínio Puntel de Oliveira, também responsável pela exposição.

Para quem visitar o local, é possível conhecer ainda a Chácara Tiradentes, onde nasceu a marca de café de mesmo nome; a casa da família Castro, da década de 1940 e até hoje preservada; a casa da família Monteiro de Oliveira, uma das primeiras da hoje movimentada Rua Fagundes de Oliveira, e a história da própria residência que abriga o museu, que pertenceu a Carlos Simões Moreira e onde funcionou primeiro lar escola para meninas carentes do município.

O museu fica na Avenida Alda, 255/277, Centro, e permanece aberto ao público de terça a sexta, das 9h às 17h, e aos sábados, das 9h às 15h. A entrada é gratuita.

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Município quer reativar Conselho do Patrimônio

Diadema perdeu dois importantes patrimônios para a especulação imobiliária: a casa de veraneio da artista Anita Malfatti, no Centro, que deu lugar a um prédio em 2001, e o casarão do Sítio São Miguel Reale, no bairro Serraria, demolido no início deste ano para a construção de condomínio em área que era um dos últimos pulmões verdes da cidade. Ambos integram a exposição na Casa de Memória, e servem de alerta para que o futuro das demais edificações não seja igual.

Para evitar que mais patrimônios importantes para a história da cidade se percam, o primeiro passo foi inseri-los no plano diretor do município como imóveis de interesse social. No entanto, apenas isso não basta para protegê-los. “A ideia da exposição é criar na população o conceito de valorização dos imóveis que são documentos da cidade. É preciso cobrar do poder público e também dos proprietários a preservação”, afirma o arquiteto e curador da exposição Luiz Hermínio Puntel de Oliveira.

Com isso, a expectativa é reativar o Conselho do Patrimônio da cidade, que está sem funcionar há cinco anos. “Já temos inclusive as indicações dos conselheiros, mas estamos em fase de campanha política, então é mais complicado fazer qualquer coisa neste período.”

O órgão, no entanto, não garante a preservação sozinho. Exemplo disso é o imbróglio causado pela reforma do Cine Teatro Carlos Gomes, em Santo André, sem aprovação do Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André), que foi parar no Ministério Público. A obra está parada atualmente até que a administração municipal apresente o projeto detalhado das intervenções.

“O brasileiro não tem o hábito de conservar o seu patrimônio histórico. O que precisa mudar primeiro é a população. Quando ela se der conta de que é preciso preservar, então teremos mais finais felizes para os imóveis históricos”, avaliou a historiadora Maria de Lourdes Ferreira.

 




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