A nadadora Priscila Prado Gonzaga, bicampea paulista dos 50 metros, livre, avisa: abram alas que ela quer passar. Trineta da maestrina e feminista Chiquinha Gonzaga, a atleta, que completou 16 anos no dia 25 de fevereiro, tentará em junho, no Rio, os índices exigidos pela Confederaçao Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para a disputa dos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, marcados para julho e agosto, no Canadá. "Só no fim do ano passado comecei a fazer exercícios específicos de musculaçao e tenho certeza de que vou melhorar minhas marcas este ano", acredita a estudante da segunda série do curso de Processamentos de Dados do Colégio Técnico Lavosier. "Vou lutar pelos índices nos 50 e nos 100 metros, livre, e nos 200 metros, borboleta, minhas provas mais fortes."

Com 1,73 metro e 60 quilos, Priscila nao quis seguir o caminho musical de seus antepassados. Vive, como gosta de dizer, profissionalmente para a nataçao, embora nao tenha patrocinador. Ela treina diariamente das 7h30 às 11h30 e das 14 às 17 horas, entre piscina e musculaçao, na Academia Dan Pró. Como ainda estuda à noite, desistiu de estudar piano - fez dois anos de curso. Mata a saudade da música na Igreja Metodista da Penha, onde toca bateria no grupo Louvor ao Senhor.

Filha da maestrina Jane do Amaral Prado Gonzaga e do coronel reformado Odilon Gonzaga, Priscila tem o sobrenome da trisavó por coincidência. Vem do pai e nao da mae, neta de Joao Gualberto do Amaral, filho de Chiquinha, que se mudou do Rio para Sao Paulo no início do século. Priscila assistiu à minissérie sobre a trisavó, exibida pela TV Globo, e foi convidada para ver a estréia da peça O Abre Alas, em que a atriz Rosamaria Murtinho interpreta Chiquinha Gonzaga no teatro Alfa Real. "Fiquei orgulhosa de ser descendente de uma mulher tao corajosa", comenta a nadadora. "Minha mae garante, porém, que a minissérie exagerou em alguns pontos."