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O que é avacalhação?

Avacalhação, conforme nos ensina aquele a quem o chanceler Celso Amorim chama de "Nosso Guia", é o presidente Lula apelar para que seu aliado

Carlos Brickmann
01/08/2010 | 00:00
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Avacalhação, conforme nos ensina aquele a quem o chanceler Celso Amorim chama de "Nosso Guia", é o presidente Lula apelar para que seu aliado, o presidente do Irã, suspenda a pena de morte por apedrejamento contra uma mulher iraniana, Sakineh Ashtiani. Qual foi o horrível crime cometido por ela? Depois de levar 99 chibatadas, ela confessou ter cometido adultério (depois de 99 chibatadas, quem não confessaria?). "As pessoas têm leis, as pessoas têm regras, as pessoas, sabe, se começarem a desobedecer as leis deles para atender o pedido de presidentes, daqui a pouco vira uma avacalhação", ensina nosso presidente.

Já considerar que um amplo movimento popular contra a fraude eleitoral no Irã é chororô de torcedor que perdeu o jogo, isso não é avacalhação.

Também não era avacalhação apelar pelo líder sindical Lula e por tantos de seus companheiros (hoje no governo) que foram presos de acordo com as leis vigentes na época da ditadura militar brasileira.

Também não é avacalhação, de acordo com o presidente Lula (e assessores como Top Top Garcia), considerar que as denúncias da Colômbia sobre a presença de narcoguerrilheiros colombianos na Venezuela, sob a proteção e com apoio do presidente Hugo Chávez, são apenas um problema pessoal entre dois presidentes. As denúncias colombianas podem ser falsas, podem ser verdadeiras, é preciso analisá-las, verificá-las. Mas não podem ser tratadas com leviandade.

A avacalhação, como a define Lula, pode também chamar-se seriedade.

tNÃO É MAMÃE
Este colunista lamenta, a candidata Dilma Rousseff ao intitular-se "mãe de todos os brasileiros" falta-lhes com o respeito. Este colunista está muito satisfeito com a mãe e o pai que teve e não pretende colocar ninguém em seu lugar. Nem quer posar de irmão de Renan Calheiros, Fernando Collor, Jáder Barbalho, Severino Cavalcanti, José Sarney, os 39 do Mensalão e outros filhos da Dilma.

CARO HUMORISTA
Fazer piada com candidato pode sair caro: as multas começam na faixa dos R$ 20 mil e vão até uns R$ 100 mil. Mas, cá entre nós, às vezes até vale a pena.

INSUPORTÁVEL
A eleição é a grande festa da democracia - no mundo inteiro, menos no Brasil. A festa, aqui, é terrivelmente chata: é como se tivéssemos Roberto Jefferson cantando, o senador Suplicy marcando o ritmo do pique-pique e os docinhos preparados pelos cozinheiros do Serra (que o mantêm com aquele ar saudável). Não pode nada: nem fazer humor com os candidatos. Nos Estados Unidos, Hillary Clinton e Sarah Palin foram personagens do Saturday Night Live. Sarah Palin chegou a ser entrevistada pela atriz que imitava Sarah Palin. No Brasil, muito humor se baseou nas eleições. Lembra da Salomé, de Chico Anysio? E era ditadura! Há mais de 50 anos, havia na TV o Hotel da Sucessão, que mostrava por que os políticos mudavam tanto de opinião: tratava-se de um "objeto misterioso", que ao mudar de mãos conquistava imediatamente o adversário.

Hoje não pode nada. É festa sem brigadeiro, sem guaraná. A diversão é ouvir Requião chamar Fernando Henrique de travesti. E aguardar a reação de Quércia, hoje aliado do ex-presidente: foi ele que chamou o adversário de agora de Maria Louca, às vezes mais louca do que Maria, às vezes mais Maria do que louca.

POBRES FORA
Uma candidata a merendeira em Igaraçu do Tietê, São Paulo, foi impedida de prestar concurso para o cargo de R$ 600 mensais por usar sapatos que o fiscal considerou inadequados. Na prova prática, o edital do concurso exigia sapatos fechados e sem salto.

A candidata foi com os únicos sapatos que tinha, fechados, sem salto, mas de tecido, não de couro. Não a deixaram fazer a prova. Ela entrou na Justiça, informa o portal jurídico Espaço Vital, pedindo reparação por danos morais. O caso ainda não foi julgado. Mas mostra como pobre é discriminado: se não gostam da roupa, impedem-no de procurar emprego. O lendário comandante do Bradesco, Amador Aguiar, não usava meias. Teria o fiscal o mesmo rigor?




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