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A cidade poderia fazer mais. Virar de frente para a sua história. Valorizar os passos dos ancestrais

A política de apagamento da história e da memória de Mauá não é de hoje – como não é de hoje o apagamento da história e da memória do Grande ABC como um todo

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
02/12/2021 | 21:42
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"O blogueiro anônimo conhecido como Mosul Eye está coletando livros para reconstruir a biblioteca da Universidade de Mosul, no Iraque, destruída pelo Estado Islâmico durante o período em que a milícia terrorista dominou a área. As doações podem chegar de todos os lugares do mundo, e as obras podem falar sobre qualquer assunto e estar em qualquer língua.”

Do blog Galileu, 6 de julho de 2017[

E como estamos na Semana Mauá 2021 – uma triste Semana Mauá – lembremos algumas desfeitas históricas da cidade que aniversaria:

A destruição de livros que focalizavam o cinquentenário de Mauá – gente, onde é que nós estamos! Livro não se destrói. Livro se preserva, se estuda, ajuda a refletir.

A demolição da Praça XXII de Novembro (com jardim japonês, concha acústica, fonte luminosa e projeto paisagístico de Burle Marx).

O fim do antigo Ginásio Esportivo.

A derrubada do Colégio ‘Viscondinho’.

O fim da casa-sede da fazenda do Capitão João, citado pelo professor William Puntschart recentemente aqui em Memória. 

Em Mauá restam pouquíssimas construções que refletem a formação e o desenvolvimento do município.

Ontem citamos colegas preservacionistas do Condephaat-Mauá. Mas é justo que se diga: preservar bens materiais e imateriais de valor cultural e histórico é competência primeira de prefeitos e seus secretários, com a devida fiscalização por parte de vereadores e incentivo de cidadãos. Aos conselheiros indicados e eleitos compete o assessoramento, dar suporte para as boas ações exigidas pela história e memória – sem medo de represálias.

É justo que se diga: Mauá possui bens importantes que são preservados: a casa bandeirista ocupada pelo museu municipal (ultimamente com problemas de falta de segurança), os afrescos de Emeric Marcier, a paineira da Avenida Barão de Mauá. Mas são exemplos que só confirmam a regra: muita coisa boa se foi.

O tombamento e preservação da casa de Hans Grudzinski, neste ano de 2021, poderiam significar uma virada de jogo para melhor. Mas não é o que acontece.

REGISTROS DA PINACOTECA DE MAUÁ

Ao longo da infância, Hans Grudzinski teve seus primeiros contatos com a arte através das aquarelas pintadas pelo avô materno e as pinturas em porcelana do avô paterno. 

Forma-se arquiteto em 1940. No ano seguinte a Iugoslávia foi invadida pelas tropas de Hitler, reprimindo violentamente a população local através da Gestapo, polícia secreta da Alemanha Nazista que atuou nos países europeus invadidos pelos soldados.

Afastado da família, Grudzinski foi obrigado a alistar-se no exército alemão, assim como milhões de jovens residentes dos lugares devastados pelo regime, sendo enviado para a Holanda em 1943 e para o campo de batalha logo em seguida.

Utilizava os raros momentos de folga para treinar aquarelas, nas quais retratava a dura experiência em guerra.




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