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Grande ABC tem 1.838 procurados pela Justiça

Foragidos são acusados de crimes como roubo e homicídio; no Estado, mais de 50 mil podem ser presos

Heitor Mazzoco
Joyce Cunha
do Diário do Grande ABC
18/07/2022 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


O Grande ABC tem 1.838 mandados de prisão em aberto, segundo dados do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), consultados pelo Diário na última semana. Do total, 701 pessoas são procuradas por decisões proferidas pela Justiça Criminal de São Bernardo, cidade da região com maior número de foragidos. 

Na lista de crimes cometidos estão furto, roubo, lesão corporal e homicídio, por exemplo. Em Diadema, 396 pessoas estão na mira da Justiça. Na sequência, juízes de Santo André expediram mandados de prisão para 393 criminosos que ainda não foram encontrados. 

Mauá, com 200 foragidos, fecha a lista de cidades com mais de 100 pessoas sendo procuradas. 

No Grande ABC, o pedido de prisão mais antigo – e até agora não cumprido – é de 2011. Neste processo, um homem de 64 anos, natural de Aracaju (Sergipe), é procurado para cumprir pena de seis anos, dois meses e 20 dias por roubo. O processo criminal contra ele foi aberto em 2000.

No Estado de São Paulo, o pedido de prisão mais atingo é do século passado: 1999, quando a Justiça de São Carlos, na região central do Estado, expediu o mandado. O motivo para a determinação da prisão do acusado, que completa 50 anos em agosto deste ano, também é por roubo. A ação é de 1997 e a solicitação de encarceiramento é preventiva. 

Um juiz consultado pela reportagem afirmou que o problema para o alto número de mandados sem cumprimento no Estado está ligado à estrutura precária das polícias Militar e Civil. 

“O grande problema é a falta de estrutura das polícias, em especial a Civil. Como tem o mandado expedido, em regra, é a polícia que vai atrás para cumprir. A Polícia Militar ajuda quando faz uma abordagem e verifica se tem mandado pendente no nome da pessoa. Mas, em regra, a Polícia Civil tem responsabilidade maior”, disse o magistrado, que preferiu não se identificar. 

Em todo o Estado paulista, são 53,5 mil pessoas com pedido de prisão decretada em alguma das comarcas da Justiça, segundo o CNJ. 

No Brasil, ao menos 350 mil pessoas têm pedidos de prisão em seus nomes.

Todo documento expedido tem uma data de validade. No entanto, quando o prazo termina, o documento volta para a vara de origem. A Justiça, então, emite um novo mandado contra o procurado pela Justiça. 

TECNOLOGIA

Na região Sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo) são cerca de 130 mil mandados em aberto. 

Em junho deste ano, procuradores-gerais de Justiça dos quatro Estados se reuniram no Rio de Janeiro para falar sobre uma força-tarefa em andamento para tentar fechar o cerco contra os procurados mais perigosos dos quatro Estados. 

O número gira em torno de 180 criminosos, informaram à época. </CW>O trabalho entre os Estados tem como objetivo trocar informações sobre condenados em mais de um Estado. Os procuradores querem cruzar dados – com uso de tecnologia – para tentar identificar a localização dos procurados pela Justiça. A informatização, no futuro, poderá ajudar na busca pelo restante dos procurados.

SP tem média de 522 presos por dia

Enquanto a Justiça aguarda a prisão de 53,5 mil procurados em todo o Estado de São Paulo, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informa que em quase quatro anos, as polícias Militar e Civil prenderam 651.099 criminosos no Estado. 

“Isso significa, em média, 522 marginais presos diariamente, incluindo integrantes de facções criminosas, que são submetidos ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) e isolados. Atualmente, 57 integrantes de facções presos no Estado foram transferidos e estão em presídios federais com o aval do Executivo paulista”, disse a assessoria de imprensa da pasta ao ser questionada pelo Diário

O governo estadual afirma ainda que mais de R$ 1 bilhão foi investido na atual gestão na área de segurança pública. 

“Esses resultados são fruto de uma forte política de segurança pública e do trabalho de policiais civis, militares e técnico-científicos. Por esta razão, a SSP investe continuamente na capacitação de todos os integrantes das forças de segurança, assim como em tecnologia e equipamentos para combater a criminalidade e proteger o cidadão. Mais de R$ 1,5 bilhão já foi investido pela atual gestão na modernização da estrutura policial em todo o Estado, com a aquisição de novas viaturas, inclusive blindadas, armas e tecnologia de última geração, coletes balísticos e a expansão de unidades especiais como os Baeps (Batalhões de Ações Especiais de Polícia) e as Deics (Divisões Especializadas de Investigação Criminal)”, afirmou a secretaria. 

O cerco contra criminosos no Estado aumentou nos últimos anos. De acordo com o governo paulista, a recuperação de verba até então utilizada por facções é bilionária. “Só nos últimos dois anos, mais de R$ 1,2 bilhão em ativos ligados às facções foi recuperado pelas forças de segurança estaduais. Aeronaves, por exemplo, que antes eram utilizadas por esses criminosos, hoje integram as frotas das forças policiais no combate ao crime organizado. A mais recente delas é um avião Cessna Caravan, que foi incorporado pela Polícia Civil”, disse em outro trecho da nota enviada ao Diário

O governo também afirma que os casos de homicídio caíram no Estado. “Atualmente, o Estado tem a menor taxa de homicídios do Brasil, com seis casos por grupo de 100 mil habitantes, enquanto a taxa nacional é de 18/100 mil. Não só os homicídios, mas todos os crimes contra a vida e contra o patrimônio tiveram redução expressiva e sustentada ao longo dos últimos 20 anos em São Paulo”, relatou, em nota. 




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