A exposiçao documental Freud: Conflito e Cultura, com curadoria da Biblioteca do Congresso, em Washington D.C., nos Estados Unidos, instituiçao que detém o maior acervo sobre vida e obra do psicanalista, será apresentada nos pisos inferiores do museu paulistano, já que a reforma das áreas superiores ainda nao foram concluídas. "O primeiro piso está quase pronto", diz o arquiteto Julio Neves, presidente do Masp.

Após ser vista em Washington, Nova York e Los Angeles, nos Estados Unidos, e Viena, na Austria, a mostra, depois de Sao Paulo, deve seguir em janeiro próximo para o MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio. Também existem especulaçoes de que ela vá para Buenos Aires, na Argentina, após a turnê brasileira. Nos Estados Unidos, o evento provocou uma formidável onda de protestos, pois, segundo os críticos, ele só serve para glorificar um personagem que teria explicado a sexualidade da mulher a partir de um ponto de vista absolutamente patriarcal.

Freud: Conflito e Cultura está organizada em três blocos. No primeiro, Os Anos de Formaçao, sao apresentados dados biográficos sobre a origem e o ambiente social e cultural em que Freud viveu. Em O Indivíduo: Terapia e Teoria é possível ver a evoluçao dos principais conceitos formulados pelo psicanalista vinculados aos casos clínicos. No último, Do Indivíduo à Sociedade, está retratada a expansao da psicanálise para outros setores da sociedade.

Estao expostos manuscritos, fotografias, objetos da coleçao de antiguidades de Freud, com peças como um machado pré-histórico, vídeos, objeto de uso pessoal e até uma reconstituiçao do consultório de Viena (no início do século), montado em uma vitrina com objetos originais e uma réplica de seu emblemático diva. Até mesmo gravaçoes da voz do médico podem ser ouvidas. A mostra tem colaboraçao do Museu Freud, em Londres, na Inglaterra, e do Museu Sigmund Freud de Viena.

Contraponto - Um contraponto brasileiro à exposiçao é Brasil: Psicanálise e Modernismo, exibiçao com curadoria de Olívio Tavares de Araújo, Maria Angela Gomes Moretzsohn e Leopold Nosek. Ela aborda a relaçao dos princípios de Freud com a cultura brasileira. "A idéia de conexao entre psicanálise e modernismo brasileiro é citada em diversos textos. Para desenvolver essa mostra, houve uma pesquisa rápida, de apenas cinco meses, mas muito eficiente. Por volta de 30 pessoas leram textos de Mário e Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Flávio de Carvalho, entre outros. Depois, foram definidos os principais pólos de interesse", explica Tavares de Araújo.

Dividida em 18 módulos, essa também é uma mostra documental. Mas há obras de arte, como, por exemplo, de Ismael Nery e Leonilson. "No caso do Nery, há a questao do duplo em seu trabalho, o olhar para o próprio corpo e o assunto da deterioraçao, motivado por sua precoce tuberculose. Em Leonilson também há a presença da doença (o artista era soropositivo), que influenciou boa parte de sua produçao", diz o curador. A mostra conta com obras de arte e documentos originais e reproduzidos.

"A intençao é mapear a penetraçao das idéias de Freud na cultura brasileira: analisar os vínculos dessas idéias com as dos modernistas. A exposiçao alarga a história da psicanálise no que se refere às relaçoes com a cultura brasileira", completa Maria Angela. Paralelamente às exposiçoes, será realizada uma série de simpósios e conferências (informaçoes pelo tel.: 3714-0506).