Esportes Titulo Mundial 2014
Ministro rebate críticas à Copa no País
Nelson Cilo
Do Diário do Grande ABC
25/05/2009 | 07:02
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O ministro do Esporte, Orlando Silva, procura esfriar as desconfianças daqueles que preveem uma compulsiva gastança direcionada à milionária estrutura do Mundial de 2014 no Brasil. Ele não reconhece possíveis exageros que tanham sido cometidos no Pan. Aparentemente, as inevitáveis e pessimistas comparações financeiras não o incomodam.

No máximo, assume falhas eventuais no planejamento dos Jogos de 2007 no Rio de Janeiro. Mas garante que houve boas coisas. Não acredita que sobraram ‘elefantes brancos' como herança. Um deles: o Engenhão agora utilizado pelo Botafogo que paga, comentam, R$ 30 mil mensais para usar o estádio. Apesar de tudo, o ministro desafia os descrentes de que o País tenha condições de promover um Mundial ‘acima de qualquer suspeita'.

Os ataques do deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP) não parecem preocupá-lo. "Prefiro que me avaliem menos pelas posições políticas e mais pelos números. Desafio a que sentem comigo à mesa para discutirmos isso ou aquilo", reage Orlando Silva.

Ao contrário de Torres, que dispara contra Ricardo Teixeira, o ministro, diplomático, não contesta o presidente da CBF na liderança do Comitê Organizador da Copa do Mundo. A filha do polêmico dirigente, Ana Havelange, também compõe o grupo, a exemplo de mais dois assessores de Teixeira. Confiram os principais trechos da entrevista exclusiva na redação do Diário.

DIÁRIO - O senhor não acha que a Copa de 2014 pode reprisar a falta de planejamento financeiro que se viu no Pan do Rio de Janeiro?
ORLANDO SILVA - Não acho. A Copa do Mundo é uma oportunidade fantástica. Você promove o Brasil como nenhum outro evento no planeta. O Mundial é a principal plataforma para divulgação do País. É a maior audiência na história das TVs.

DIÁRIO - Não seriam vantagens desproporcionais?
ORLANDO - Penso que não. Vamos usar a nossa competência para que possamos criar um cenário bem adequado. Não é só o status esportivo, mas também o turismo nacional e a nossa economia complexa e sofisticada.

DIÁRIO - Mas há o receio de se investir sem critérios.
ORLANDO - Queremos evitar os problemas ocorridos no Pan. Agora, é a chance que teremos para elevar a infraestrutura das cidades.

DIÁRIO - O senhor aponta só os bons desdobramentos?
ORLANDO - Estou sempre otimista. Enfim, todos ganham. Não é só no futebol. O Brasil se moderniza ao qualificar novos serviços nas mais diferentes áreas.

DIÁRIO - Como bancar os custos? Quais os critérios?
ORLANDO - No caso das arenas, o setor privado pode assumir ou dividir os gastos. Seria um jeito de viabilizar economicamente as obras.

DIÁRIO - O senhor viu algum rombo no Pan?
ORLANDO - Ao contrário do que falaram, não houve uma bandalheira geral. Foram casos raros de contratos livres de licitação, mas que tiveram justificativas legais.

DIÁRIO - Só que o deputado Silvio Torres reclama dos gastos e das irregularidades.
ORLANDO - A minha condição é diferente da postura de um parlamentar. Um deputado pode chutar ou polemizar. Eu não posso.

DIÁRIO - Torres entende que o senhor ainda...
ORLANDO - O deputado é meu amigo, mas... Isso de gastar muito é uma coisa que eu prefiro não especular.

DIÁRIO - O que é mais importante numa Copa?
ORLANDO - Estádios dentro das normas, segurança, transportes, tudo. É indispensável que os torcedores tenham conforto. Um dia, levei um amigo grego ao Morumbi. Ele estava louco para ver o Corinthians. Não havia onde parar. Então, estacionei em cima de um buraco.

DIÁRIO - Silvio Torres entende que não existe uma política esportiva no Brasil.
ORLANDO - Na minha opinião, há um certo desconforto entre os tucanos porque fizemos pelo esporte muito mais coisas do que eles. Os números comprovam isso.

DIÁRIO - Daria exemplos?
ORLANDO - Os números comprovam. A Lei de Incentivo ao Esporte, uma reivindicação histórica. Liberamos R$ 140 milhões ao programa. Em 2003, nosso orçamento no ministério era de R$ 371 milhões. Em 2009, chegamos a R$ 1,4 bilhão.

DIÁRIO - Mais o quê?
ORLANDO - O Bolsa Atleta. Beneficia estudantes, atletas olímpicos e paraolímpicos de bom desempenho aqui ou no Exterior. Contratamos 7.700 obras de 2003 até o ano passado. Beneficiávamos 60 mil crianças. Agora, é quase milhão.

DIÁRIO - A resposta é...
ORLANDO - A todos aqueles que não mostrem dados concretos. Digamos assim: prefiro que me avaliem menos pelas opiniões políticas.

DIÁRIO - E as críticas?
ORLANDO - O que persiste numa agenda política é aquela coisa que futeboliza tudo no Brasil. Se você volta aos tempos do Fernando Henrique (ex-presidente) verá que tudo era futebol. Isso é importante? É. Mas o esporte não é apenas futebol.

DIÁRIO - E quanto ao continuísmo de Ricardo Teixeira na CBF e à presença dele à frente
do Comitê Organizador da Copa de 2014?
ORLANDO - A lei é muito liberal nessa matéria. Um dos artigos da Constituição prevê que as entidades tenham autonomia. Não podemos adotar uma postura intervencionista.

DIÁRIO - Mas o senhor é ou não é a favor de Teixeira?
ORLANDO - Contra ele? Não teria motivos. É fácil falar que precisamos intervir aqui ou ali. Pessoalmente, resisto a todo tipo de... Seria uma atitude populista.

DIÁRIO - E as denúncias e os processos contra ele no Ministério Público?
ORLANDO - Não estou interessado nisso. Mantenho um relacionamento institucional. Se a gente entrasse na impessoalidade... É uma zona cinzenta. É muito perigoso. Se a moda pega...




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