O fato de trabalhar em um universo dominado pelo sexo masculino e que tem como característica a convivência com a violência, acaba, muitas vezes, interferindo nos relacionamentos das policiais. Apesar disso, elas garantem que levam vidas normais, porém, recheadas de histórias inusitadas. Não são raros casos de homens que ficam com medo de se envolver emocionalmente.

A delegada Irani Gomes Juvino conta que já espantou muitos pretendentes pelo fato de ser policial. "Em uma reunião com a turma da época da faculdade, o colega de um amigo sentou-se ao meu lado e começou a puxar conversa. Durante o bate-papo, eu contei que era delegada. Depois de dez minutos, o rapaz arrumou um compromisso de última hora e sumiu", diverte-se. "Estamos armadas e temos um relativo poder. Isso acaba assustando", acredita.

Para Irani, outra diferença gritante entre os homens e as mulheres é como cada um encara a profissão do companheiro. As mulheres dos policiais são mais compreensivas. Já os homens, na avaliação dela, têm certa insegurança. Muitas vezes isso acontece pelo fato de a polícia ser universo predominantemente masculino, considera a policial.

"Meu celular tem mais telefones de homens do que qualquer coisa. São investigadores, escrivães e outros delegados que trabalham comigo. Os nossos horários (de trabalho) também são muito diferentes. Infelizmente, muitos não entendem isso", comenta a delegada Irani.

VAIDADE - A delegada titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes), Kátia Regina Cristófaro Martins, também alerta para o estereótipo que as pessoas têm das policiais, com relação à sexualidade e à própria vaidade. "É verdade que o mundo do qual fazemos parte é masculino. Nós não. Eu me preocupo com o peso, pele, cabelo, estética em geral. Tem até delegada que faz plástica. Somos mulheres como tantas outras", afirma Kátia, que não abre mão de estar sempre bem vestida e maquiada durante o trabalho.