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Apenas 12,3% dos jovens da região já têm título de eleitor

População na faixa etária de 16 a 18 anos incompletos não é obrigada a votar; prazo para quem quiser tirar o documento vai até 4 de maio

Heitor Agrício
Especial para o Diário
04/04/2022 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Faltando seis meses para as eleições, dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que o Grande ABC tinha, até o fim de fevereiro, apenas 12,3% dos jovens de 16 e 17 anos com o título de eleitor emitido. Assim como no País, houve queda na região na procura pelo documento nesta faixa etária desde as últimas eleições para presidente, governador, senador e deputados estadual e federal, em 2018, quando o público dos aptos a votar era de 18,3% no mesmo mês.Os dados utilizados para a pesquisa foram baseados em informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010 – data do último Censo, quando havia 78.390 jovens entre 16 e 17 anos na região.

Entre as sete cidades do Grande ABC, cinco ficaram com porcentagem acima de 12%, as exceções são Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que apresentaram 9,2% e 8,2%, respectivamente. O município com maior percentual neste ano foi São Caetano, com 13,9%, que contava com 23,6% em fevereiro de 2018.

Gustavo Henrique, 17 anos, é desenvolvedor web e faz parte da minoria de jovens da região que já tirou título de eleitor e comenta a importância da participação nas urnas. “Acredito que seja de extrema importância as pessoas mais jovens, com novos pensamentos, votarem e buscarem melhorar a situação do País, seja em questão econômica ou social”. De acordo com ele, o cenário político atual afasta os mais jovens por conta do sentimento de que não haverá grandes mudanças pela escolha dos políticos. “Sensação de tudo igual”, sentencia Gustavo.

Sobre a preocupação dos jovens com a política, o desenvolvedor web diz que “vai muito de pessoa para pessoa”. “Alguns jovens demonstram estar muito preocupados com a eleição e esperam melhorias para o nosso País, enquanto outros não veem uma importância no voto. Contudo, a maioria, não exorbitante, observa a situação atual do Brasil e quer a fazer a diferença.”

Já a estudante Clara Cammarano, 16, ainda não emitiu o título, mas comenta que pretende tirar e participar das eleições de outubro. “Acredito que a política atual esteja atraindo as pessoas que sentem vontade em mudar o governo que o nosso País tem atualmente. Por outro lado, tem muita gente que, pelo mesmo motivo, acaba se afastando, por achar que qualquer pessoa que acabe entrando não vai fazer grande diferença”, avalia. Clara comenta também que nota pouco interesse e “até preguiça” por parte daqueles que têm como facultativo tirar o título eleitoral.

Mesmo a opção de voto sendo facultativa para os menores de 18 anos, neste ano o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) registrou o menor número de adolescentes que já estão com o documento. Em fevereiro de 2018 era 1,4 milhão de jovens no País, enquanto no mesmo mês de 2022 foram apenas 830 mil.

Com os números em baixa, em setembro de 2021 o TSE iniciou a sua primeira campanha para incentivar os jovens a participarem das eleições. Intitulada Bora Votar!, a campanha nacional foi veiculada nos perfis digitais da Justiça Eleitoral, na televisão e no rádio até o fim de dezembro.

Devido à baixa taxa de adesão à participação dos jovens, durante o mês de março, além da semana do jovem eleitor, diversos artistas se manifestaram em suas redes sociais pedindo e ressaltando a importância da participação dos adolescentes nas eleições.

A manifestação de maior destaque veio da cantora Anitta, que fez diversos tweets sobre o assunto, tendo um deles compartilhado pelo ator norte-americano Mark Ruffalo, que também apoiou a campanha de incentivo ao voto e comparou Bolsonaro a Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos.

Além da cantora, atrizes como Bruna Marquezine, Taís Araújo e Larissa Manoela também se manifestaram nas redes sociais, assim como diversos artistas que se apresentaram no Lollapalooza, festival que ocorreu no último fim de semana em São Paulo.


RESULTADOS

O TSE divulgou que durante a Semana do Jovem Eleitor, entre os dias 14 e 18 de março, foram emitidos 96.425 novos títulos em todo o Brasil para jovens de 16 a 18 anos incompletos. Lembrando que os jovens que ainda não completaram, mas que farão 16 anos até o dia 2 de outubro, também podem solicitar o documento até o dia 4 de maio, quando se encerra o prazo de emissão do título.

Especialista diz que TSE precisa reforçar ações de conscientização

Para o sociólogo Fábio Gomes, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pode ser a chave para cativar novamente o interesse dos jovens para o processo eleitoral. Ele acredita que, por meio de mais campanhas institucionais de conscientização a respeito da importância do voto, sobretudo usando as redes sociais, é possível impactar aqueles que têm o voto como opção facultativa.

Fábio ressalta que a divisão extrema entre aqueles de direita e esquerda e o ambiente político hostil nas redes sociais são os fatores que mais distanciaram os jovens brasileiros das urnas. “Há um desinteresse por conta da polarização que tomou conta do País desde 2018, foi criando-se uma aversão política por parte dessa garotada.”

Além desses fatores, o sociólogo cita a falta de identificação com os candidatos que disputam a Presidência do País. “É possível notar que os jovens têm uma ligação maior com partidos da esquerda, como o Psol, que não apresenta nenhum candidato e acaba apoiando os de outro partido.”

As ações de incentivo ao voto realizadas por alguns artistas no festival Lollapalooza foi citada por Fábio como fenômeno que pode aumentar a adesão daqueles que têm menos de 18 anos ao processo eleitoral.




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