Trabalhador Titulo Automóveis
21º Encontro Nacional de Fuscas agita Interlagos

Mais de mil fuscamaníacos estiveram presentes
no evento realizado no autódromo paulistano

Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
08/01/2014 | 07:00
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza


O autódromo de Interlagos voltou a ser palco de mais um grandioso espetáculo automobilístico. Menos de dois meses após receber os bólidos da Fórmula 1, o templo paulistano da velocidade abriu as cortinhas para o 21º Encontro Nacional do Fusca.

A festa, que reuniu mais de 1.000 fuscamaníacos e antigomobilistas, aconteceu domingo sob o forte calor. Nada, porém, que derretesse a animação do pessoal. Aproximadamente 200 exemplares de todas as versões, cores, anos e tribos estavam por lá, misturados com alguns outros representantes da família Volkswagen, como Variant, Variant II, TL, Gol, Quantum e também a recém-aposentada Kombi – ficaram faltando os Passats e os atléticos SP1 e SP2.

Enfileirados nos boxes onde em novembro passaram apressados Sebastian Vettel, Fernando Alonso, Lewis Hamilton e Felipe Massa, o ‘motivo Fusca’ proporcionava a confraternização de velhos amigos, vindos de todos os cantos do Brasil – muitos, aliás, no Grande ABC.

Entre os personagens, um chamava a atenção. O modelo 1951 do administrador de empresas Eduardo Ohara, 62 anos. Um dos fundadores do Fusca Clube do Brasil, organizador do encontro, Ohara explicou detalhadamente a história do pretinho básico. “Tenho ele há nove anos. E há nove anos o estou restaurando”, brinca, com leve sorriso no rosto.

Trata-se de um modelo Split inspirado no Porsche 356 A e que segue à risca toda originalidade. “Teto solar é original, assim como as rodas e o volante, que são Porsche”, revela, enquanto liga o ar-condicionado, também autêntico. Com motor 1.600 cm³ zeradinho, que ganha vida a partir de um botão no painel, tipo Start/Stop dos modelos atuais, o morador de São Paulo demonstra a saúde de seu companheiro, que conheceu em 1984, mas foi comprá-lo somente em 2003, após muitos encontros e desencontros.

 “Tive muitos Fuscas, mas hoje tenho apenas ele (1951), que curto muito”, exalta, deixando claro que o amigo é invendível. “Já me ofereceram R$ 150 mil e até mesmo uma troca, chave por chave, com um Corvette que custava cerca de R$ 180 mil. Não aceitei”, se orgulha. “O valor em questão é o sentimental, não financeiro”, completa.

 Depois de um bate-papo cultural com Ohara, pausa para um lanche de pernil. Poderia ter sido um pastel, mas a fumaça que saía da chapa era inebriante. Entre uma mordida e outra, visitas ao mercado de pulgas e ao boxe das lembranças (camisetas, miniaturas, chaveiros e até livros sobre a história do Fusca).

Olhos voltados para a pista, momento das provas de arrancada – brincadeira saudável para ferver de vez o evento. Todos os modelos – especialmente os modificados, com a tampa do motor aberta – participaram. Tinha um laranjinha que fazia todos comerem poeira. Dizia a boca pequena que tinha motor de Subaru...

PISTA ABERTA

Por volta das 13h30, a pista abriu para os Fuscas com o sol a pino. “Deus gosta de Fusca. Eu disse que o sol ia aparecer”, agitava o locutor. Pegamos carona com um velho amigo, o famoso Fusca Horácio, do antigomobilista Ervin Moretti. No entanto, ao contrário do ano passado, quando fomos de zequinha, aceitamos o convite de ser o piloto do modelo 1974.

Acelerar um besouro em Interlagos é realmente algo diferente. Tudo parece – e é! – mais lento. É como assistir a um jogo de futebol da Copa de 1970. Na reta oposta ultrapassamos os 100 km/h em quarta marcha. Bravo motor 1.300 cm³. Antes de frear para a curva do Lago, somos ultrapassados pelos Speeds – Fuscas preparados para competição –, pelos modelos fuçados e até pelas Kombis com moderno motor 1.4 Flex.

Na memória, o que fica não são as tentativas de virar uma volta rápida, mas o caleidoscópio fusquiniano formado nas curvas do ‘S’, Pinheirinho, Laranjinha e Bico de Pato. Obra de arte automotiva absolutamente espontânea.

É, realmente a vida é mais simpática quando admirada de dentro de um Fusca.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;