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Ambulatório na Unifesp ajuda vítimas de violência
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
01/04/2004 | 21:20
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A Unifesp (Escola Paulista de Medicina) abriu inscrições para o processo de triagem do ambulatório destinado às vítimas de violência, que sofreram ou presenciaram tentativas de homicídio, seqüestro, abuso sexual ou doméstico. Estão sendo recrutados homens e mulheres com idade entre 18 e 60 anos.

Inaugurado em outubro, o ambulatório do Prove (Programa de Atendimento e Pesquisa das Vítimas de Violência e Estresse) trabalha com uma equipe de psiquiatras e psicólogos que diagnosticam e encaminham para tratamento gratuito os pacientes que desenvolveram algum trauma depois de submetidos a situações violentas, denominado Tept (Transtorno de Estresse Pós-Traumático).

“Os quadros de depressão e estresse decorrentes da violência são cada vez mais comuns, mas os médicos ainda têm dificuldades de identificar o Tept. É um quadro muito específico”, explicou o coordenador do Prove, o psiquiatra Marcelo Feijó de Mello.

São três os sintomas mais comuns, de acordo com o psiquiatra. O portador do trauma tem a sensação constante de estar revivendo o momento de um seqüestro, por exemplo, e passa grande parte do dia imaginando que está mais uma vez diante dele. Além disso, ele evita situações para se proteger da violência, e sair de casa para encontrar os amigos ou chegar ao trabalho, atividades corriqueiras, torna-se um martírio. Isolado, o paciente dá a impressão de estar “anestesiado”, e permanece grande parte do tempo quieto, podendom às vezesm dar mostras de inquietação emocional, como chorar compulsivamente.

“Se não for tratado, o TEPT pode evoluir para casos crônicos. Para diminuir a ansiedade e angústia, o paciente recorre às drogas, por exemplo, e fica bem mais difícil superar o trauma”, afirmou Mello.

Depois de diagnosticado, o quadro traumático e depressivo é tratado com medicação e sessões de psicoterapia, geralmente realizadas em grupo, para que os pacientes possam compartilhar experiências. “Em média, são 20 sessões de terapia, e o uso de medicação nem sempre é necessário. E ainda é realizado um acompanhamento da evolução do quadro depois que o tratamento termina”, disse.

Desde que o ambulatório do Prove foi inaugurado, há cinco meses, cerca de 90 pessoas já passaram pelo processo de triagem, encaminhadas por órgãos de atendimento a vítimas de violência e pelo pronto-socorro do Hospital das Clínicas. Agora, a Unifesp quer ampliar o número de atendimentos, já que o ambulatório tem capacidade para realizar dez avaliações de casos traumáticos por semana, e de atender 40 em tratamento. Os pacientes também podem se candidatar a voluntários de projetos de pesquisa que serão realizados pela Unifesp, que pretende estudar a eficácia de dois tipos de medicação para o tratamento do Tept.

Os interessados em realizar a avaliação devem procurar o balcão 3 do Instituto de Psiquiatria da Unifesp, terceiro andar, que fica na rua Pedro de Toledo, 650, Vila Clemente, São Paulo. A triagem também pode ser marcada pelo telefone 5576-4494.




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