Cultura & Lazer Titulo
Bancos festejam cinema nacional
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
28/01/2001 | 17:04
Compartilhar notícia


O Banco Santander e o Banespa promovem nesta segunda-feira, a partir das 20h, no Complexo Cultural Júlio Prestes, em São Paulo, uma confraternização com o cinema brasileiro. A festa é do Banespa, que deve anunciar as produções contempladas em 2000 com os incentivos da Lei do Audiovisual, além de homenagear Anselmo Duarte, diretor de O Pagador de Promessas (1962), premiado com a Palma de Ouro em Cannes, Glória Menezes, atriz do filme, e Osvaldo Massaini, produtor. O cineasta Primo Carbonari, 82 anos, um dos nomes mais importantes da Cia. Vera Cruz, também será festejado. A criação da Vera Cruz, em 1949, foi financiada pelo Banespa.

Todas as luzes, porém, estarão sobre o Santander, banco de capital espanhol que adquiriu o controle acionário do Banespa e que passará a administrar a linha de financiamento que a instituição financeira paulista reserva para produções no Brasil. Na prática, o Banespa continua sendo o banco que incentiva o cinema e outras manifestações artísticas no país, mas terá a seu lado o aval do Santander, patrocinador de todas as áreas culturais na Espanha.

Artistas, autoridades como o ministro da Cultura Francisco Weffort, e cineastas como o produtor Luiz Carlos Barreto, estarão presentes. Cenas do filme de Duarte serão exibidas durante a cerimônia. O filho de Oswaldo Massaini, o também produtor Aníbal Massaini Neto, receberá a homenagem em nome do pai.

Anselmo, 80 anos, ainda se amarga com a falta de reconhecimento da imprensa brasileira. “Na minha idade, a única coisa que pode acontecer é homenagem. O que vale a pena é o reconhecimento das pessoas, o cumprimento. Sem isso, como posso trabalhar em um país como o Brasil?”, diz. O convite, segundo ele, veio da diretoria do Santander: “Sou o único ator brasileiro a atuar no cinema espanhol”. Foi em 1960, no filme Un Rayo de Sol, de Luis Lucia, quando Anselmo trabalhou como protagonista ao lado da cantora e atriz Marisol, então com 14 anos e estreante.

“Recebo a homenagem do banco Santander em nome dos diretores do cinema brasileiro por causa de meu filme e de seu significado histórico”, diz o veterano diretor. A finalidade do evento, explica, é para o banco comunicar que “tem vocação para auxiliar as artes”.

Mas quem deve continuar recebendo propostas de patrocínio ainda é o Banespa, dono da festa desta segunda. Brava Gente Brasileira, de Lucia Murat, é um dos filmes recentes financiados pelo banco que, entretanto, diminuiu sua linha de financiamento audiovisual com a crise econômica. De maior investidor no cinema em 1997 (R$ 15 milhões, com filmes como Cronicamente Inviável, de Sérgio Bianchi; Castelo Rá-Tim-Bum, de Cao Hamburguer; Ação entre Amigos, de Beto Brant), o banco ficou entre os 20 investidores em cinema em 1998, com R$ 6 milhões para as produções de Bossa Nova, de Bruno Barreto; Dois Córregos, de Carlos Reichenbach; e Latitude Zero, de Toni Venturi, entre outros.

Na década de 90, foram realizados por intermédio do banco O Quatrilho, de Fábio Barreto; Sábado, de Ugo Giorgetti; Lamarca, de Sérgio Rezende; Como Nascem os Anjos, de Murilo Salles etc. No total, de 1993 a 2000, quando o Banespa passou a utilizar a Lei do Audiovisual, foram investidos R$ 30 milhões só em cinema, além de outros projetos culturais.

Outro anúncio que deverá ser feito nesta segunda-feira pela direção do banco é o projeto Cinema para Todos. Por meio da Lei Rouanet, filmes brasileiros serão exibidos de maneira itinerante nas cidades do interior do Estado em telão nas praças ou em espaços públicos.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;